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Positivo Tecnologia: trajetória de uma paixão
Fundada há quase 33 anos, a Positivo Tecnologia é um exemplo do que faz uma paixão. A empresa brasileira de tecnologia apresentou, em 2021, um dos melhores resultados de sua história. Em nove meses, de janeiro a setembro, superou a receita total de 2020. No terceiro trimestre de 2021, sua receita bruta foi de R$ 979 milhões, isto é, 63% a mais que no mesmo período de 2020. O lucro líquido atingiu R$ 54 milhões no terceiro trimestre de 2021, aumento de 7% em relação ao mesmo período de 2020. Nos nove primeiros meses de 2021, o lucro líquido chegou a R$ 161 milhões, três vezes maior que o registrado o mesmo período de 2020.
Com uma equipe coesa, Hélio Rotenberg, presidente da Positivo Tecnologia, vem escrevendo a história de uma empresa apaixonada por tecnologia e por entender o consumidor brasileiro. “Não tenho dúvida de que foi isso que nos trouxe até aqui”, diz ele, nesta entrevista exclusiva para Eletrolar News. Engenheiro civil pela Universidade do Paraná (UFPR) e mestre em informática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ), Hélio começou a idealizar a empresa em 1988, época em que era o primeiro diretor do curso de informática das Faculdades Positivo, hoje Universidade Positivo. Seu espírito empreendedor o levou a facilitar a inclusão digital, a fazer importantes mudanças e a criar novas unidades de negócios. Nos últimos anos, a empresa investiu mais de R$ 650 milhões em pesquisa e desenvolvimento.
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“O desafio consome todo o nosso tempo. É preciso dar maior clareza e estabilidade ao mercado.”
Ousada e determinada, a Positivo atua para se manter em posição de liderança. Além de computadores, celulares, tablets, tecnologias educacionais e dispositivos para ambientes inteligentes, fabrica servidores, terminais de pagamento e lotéricos, urnas eletrônicas e dispositivos para censo demográfico. Tem mais de 2 mil funcionários, fábricas em Curitiba (PR), Ilhéus (BA) e Manaus (AM) e está em seis países: Brasil, Argentina, Quênia, Ruanda, China e Taiwan. Também investe em 11 startups em segmentos distintos. “Estamos focados em estratégias de inovação”, afirma o presidente.
por Carlos Clur
Qual o diferencial que levou a empresa a avançar tanto nos últimos anos?
Hélio Rotenberg – A paixão por tecnologia e a paixão por entender o consumidor. Quando começamos a empresa, já tínhamos o objetivo de desenvolver tecnologia para o brasileiro. Não tenho dúvida de que foi isso que nos trouxe até aqui. Começamos do zero, junto ao laboratório de informática da Universidade Positivo. Na época, fomos um unicórnio, uma startup. Muitas empresas desapareceram nesse meio tempo, mas nós continuamos fortes.
O que impulsionou o crescimento?
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HR – Foram vários fatores, entre eles a demanda por computadores, a estratégia de diversificação de negócios, como a Positivo Casa Inteligente, plataforma de soluções baseada em internet das coisas (IoT) para ambientes conectados, a tecnologia educacional, o mercado consumer, para o qual temos o Projeto T3, criado há dois anos, e que é uma estratégia inovadora para estimular a parceria e os negócios com os pequenos varejistas regionais. Além disso, temos o corporativo, que vem ganhando maior representatividade na carteira, as instituições públicas e as iniciativas para o desenvolvimento de startups, que atuam em várias áreas, entre elas agricultura e saúde. Damos apoio e colocamos recursos. Nosso foco está voltado às estratégias de inovação.
Qual é a média de crescimento nos últimos anos?
HR – O crescimento (CAGR) no período de 2016 a 2020 foi de 7,4%. Se consideramos o faturamento previsto para 2021, esse CAGR passa para 15,1%. O faturamento projetado para 2021 é de R$ 3,9 bilhões a R$ 4,1 bilhões.
A trajetória da empresa é dividida em ciclos?
HR – O primeiro ciclo de crescimento foi junto às escolas, a partir de 1989. Em 2004, entramos fortemente no varejo brasileiro, ano em que vendemos 16 milhões de computadores. Em 2015, o número caiu para 4,5 milhões. Era, então, hora de reinventar a empresa. Naquele ano, fizemos um grande estudo e vimos que precisávamos entrar na casa do consumidor para entender a sua relação com o produto. Foram 10 dias em São Paulo e outros 10 no Rio de Janeiro, quando constatamos que o computador ficava na sala e era mostrado como um produto importante. Aprendemos a importância do conceito de design para o consumidor brasileiro. Fizemos uma parceria com a Ideo, uma das maiores empresas de design do mundo, e aprendemos a fazer o preço correto. Fazemos produtos para a realidade do brasileiro, esse é o nosso maior diferencial.
Quantas marcas tem hoje a Positivo Tecnologia?
HR – Em computadores, temos as marcas Positivo, a Vaio, a mais sofisticada, a Compaq, que é intermediária, e a 2 A.M, esta voltada para gamers, desenvolvida no Brasil. Gostamos dessa estratégia de oferecer computadores com quatro marcas. Em portabilidade, oferecemos tablets e smartphones Positivo e Infinix. Há, ainda, a Positivo Servers & Solutions, a Positivo Casa Inteligente, a Positivo as a Service, para locação de computadores (Hardware as a Service – HaaS), Positivo Tech Service, que presta serviços de assistência técnica, e a de meios de pagamento, também Positivo. Temos, ainda, as unidades de negócios corporativos e instituições públicas, que englobam projetos especiais como urnas eletrônicas, e a de tecnologias educacionais. A maior parte de nossas receitas, mesmo com essa diversificação de negócios e marcas, vem de computadores.
Em que momento a empresa deu seu grande salto?
HR – O salto começou em 2017, com a grande diversificação de negócios. Passamos de R$ 2,5 bilhões de faturamento para um faturamento projetado de até R$ 4 bilhões em 2021. Somos uma empresa empreendedora, trazemos gente com esse perfil para trabalhar conosco. Exemplos de nossa forma de atuação são o lançamento dos notebooks de entrada com Alexa, acessada com um toque na tela exclusiva, os smartphones de entrada e os itens da casa conectada. Na última Black Friday, vendemos 50 mil lâmpadas inteligentes em dois dias.
“A paixão por tecnologia e por entender o consumidor nos trouxe até aqui. Quando começamos, já tínhamos o objetivo de desenvolver tecnologia para o brasileiro. Começamos do zero, junto ao laboratório de informática da Universidade Positivo. Na época, fomos um unicórnio, uma startup.”
A Positivo Casa Inteligente é um sucesso?
HR – O crescimento das nossas vendas na Black Friday de 2021, no segmento, foi em torno de 40% na comparação com o evento de 2020. Foram 29 SKUs, com os produtos que fizemos para a Amazon, caso do kit Casa Conectada Lite.
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Quantos produtos tem essa linha?
HR – São mais de 30, entre eles, smart controle, painel de LED e porteiro eletrônico. Temos, também, roteadores. É uma linha completa e com tendência de alta das vendas. Em 2021, ganhamos mais de 300 mil novos consumidores. O crescimento é exponencial. Com o barateamento do preço das soluções, é viável ter automação na casa. Ela pode ser feita com lâmpadas e sensores. Os preços caíram muito, bem como o custo dos serviços e do Wi-Fi. A penetração da categoria de automação aumentou muito e vai crescer ainda mais.
“O crescimento (CAGR) da empresa no período de 2016 a 2020 foi de 7,4%. Se consideramos o faturamento previsto para 2021, este CAGR passa para 15,1%.”
Qual é o segredo para acertar nos lançamentos?
HR – Muito estudo, gostar do que se faz e ter uma equipe coesa e compromissada. Sem isso, é impossível ir para a frente.
Qual é o seu maior orgulho?
HR – Ter ganho a licitação para desenvolver e fabricar a urna eletrônica. Ganhamos da maior fabricante do mundo. Nossa pontuação técnica foi a maior, e o preço foi o melhor.
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Houve algum fracasso na história da empresa?
HR – Sim, no caso das impressoras. O erro foi no modelo de negócio.
Exportar é importante?
HR – Estamos voltados ao mercado brasileiro. Hoje, exportamos tecnologia educacional e temos como subsidiária a Positivo BGH, da Argentina, que atende o mercado do país vizinho, bem como o da América do Sul e de alguns países africanos com as marcas Positivo e Vaio. É uma decisão estratégica.
Quais os maiores desafios que o mercado brasileiro apresenta à empresa?
HR – A inflação, o câmbio e a não manutenção da legislação.
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E na área da educação?
HR – A escola pública melhorou em qualidade nos últimos anos, mas não em penetração digital. A pandemia mostrou a desigualdade. Houve grande evolução, mas precisamos avançar, valorizar o professor e remunerá-lo bem.
Como será o trabalho daqui para a frente?
HR – Acredito no modelo híbrido. É eficiente falar à distância, mas precisamos manter uma cultura, como o papo no cafezinho. Há algumas funções que exigem o presencial, como as das fábricas. Na área da educação, vai depender da faixa etária, criança pequena, por exemplo, precisa ir à escola para se sociabilizar. No caso dos jovens, algumas disciplinas são eficientes à distância.
Voltando ao consumo, como estão as vendas no e-commerce?
HR – Antes da pandemia, 70% dos nossos computadores eram vendidos em lojas físicas. Após a pandemia, 65% das vendas são online e 35% nas lojas físicas. A compra mudou.
“Estamos focados em estratégias de inovação.”
Como o senhor vê 2022?
HR – Estou otimista com os nossos contratos, como o de fornecer 225 mil urnas eletrônicas para todo o País, referentes à licitação pública ocorrida em 2020. Esse projeto equivale a cerca de R$ 900 milhões. Já temos licitação ganha de R$ 1,3 bilhão em computadores e tablets para órgãos dos governos estadual, municipal e federal. Em produtos, a Linha Infinix de smartphones será lançada na íntegra. É uma parceria nossa, exclusiva em território nacional, com a Transsion Holding para a fabricação e comercialização da marca. Teremos, também, novos itens para a casa inteligente. Vamos, ainda, lançar uma linha completa de máquinas de pagamento e conjuntos de softwares para cobrir os switches de todas as matérias. Nas áreas agrícola e de medicina, continuaremos com o investimento e desenvolvimento em startups, acreditando na qualidade do empreendedor e que ele será grande um dia.
É difícil empreender no Brasil?
HR –É difícil, mas a gente consegue, com muita luta e com muito empreendedorismo. O desafio consome todo o nosso tempo. É preciso dar maior clareza e estabilidade ao mercado.
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Fonte: Eletrolar News #146