Polos de rua vendem mais que shoppings
Alguns polos de ruas que concentram alto número de lojas vendem mais que shoppings centers. Outros, porém, experimentam um esvaziamento, provocado, na maior parte das vezes, pelo descaso do poder público, aumento do número de shoppings e desinteresse de lojistas. “Localizados em distritos de classe média baixa, esses polos vendem três vezes mais que shopping centers, formam um mercado ainda pouco reconhecido pelos especialistas em varejo”, diz o professor Juracy Parente, da FGV – EAESP.
Autor do livro “Varejo em polos de rua – dinamizando o comércio e revitalizando a cidade”, lançado há pouco, após profunda pesquisa, ele destaca que os polos de rua ajudam a fazer uma cidade melhor, o que é observado nos Estados Unidos e na Europa. “Em Nova York, vem sendo feito um esforço de revitalização dos polos de rua com a união de forças entre varejistas e o poder público, que reconhece a importância desse trabalho.”
O fechamento de lojas em áreas da cidade desalenta a região e contribui para o aumento da criminalidade. Parcerias entre os dois lados já se mostraram positivas em cidades como São Paulo, no comércio das ruas Oscar Freire e Joao Cachoeira. São, ainda, iniciativas isoladas, mas contaram com o trabalho de lojistas dispostos a negociar com o poder público. “Há um desafio, as prefeituras têm que ficar mais sensíveis e as lideranças varejistas, mais atuantes”, afirma Juracy.
As vendas de eletrodomésticos e confecção, nesses polos, representam mais da metade do que é vendido no Brasil todo, e a cidade de São Paulo concentra o maior número deles, diz o professor. “No bairro de São Miguel Paulista, há mais de 700 lojas em uma área de vendas superior a 80 mil m², o dobro ou até o triplo do que tem um shopping. Esses polos, em geral, ficam no centro e em bairros onde vive a maior parte da população da cidade. Dados de dezembro de 2019 mostram que, na cidade de São Paulo, cerca de 75% das lojas de grandes redes como Casas Bahia e Magazine Luiza estão em polos de rua.”