PERFIL DO VAREJO – MERCADO LIVRE – O sonho que deu certo
A história do Mercado Livre começa na Universidade de Stanford (EUA), em 1999, quando Marcos Galperin, aluno do MBA da instituição, se uniu a um grupo de empreendedores, entre eles Stelleo Tolda, atual COO (chief operating officer) da empresa, em busca do sonho de revolucionar o e-commerce na América Latina. Com mais paixão do que recursos, o grupo trabalhou para colocar em prática o plano de Marcos, isto é, criar um site de comércio eletrônico que permitisse a qualquer pessoa anunciar e comprar produtos.
Em agosto daquele ano, Marcos, atual CEO da companhia, montou o Mercado Livre em Buenos Aires, Argentina, e, dois meses depois, Stelleo Tolda passou a liderar a operação no Brasil. Na época, o executivo seguia uma carreira promissora no setor financeiro, em Nova York (EUA), e talvez não imaginasse o quanto seria acertada a decisão de deixar o Banco Lehman Brothers para montar a filial que, em pouco tempo, se tornaria a maior operação do Mercado Livre na América Latina.
Deu certo a proposta de democratizar o comércio eletrônico na região, permitindo a milhões de pessoas de qualquer lugar adquirir produtos a preços justos e a todos os vendedores, especialmente as PMEs, contar com uma plataforma de comercialização digital efetiva para realizar negócios. “Ao longo desse processo contínuo, fomos entendendo que o sistema de pagamento e o acesso ao crédito são vitais para o desenvolvimento de todo empreendedor”, diz Julia Rueff, diretora de marketplace do Mercado Livre no Brasil.
Estrutura
Na definição de Julia, o Mercado Livre é uma empresa de tecnologia, que tem como objetivo democratizar o comércio eletrônico, oferecendo a melhor plataforma e os serviços necessários para que pessoas e empresas possam comprar, pagar, vender, enviar, anunciar e gerir seus negócios.
No quarto trimestre de 2019, foram vendidos no marketplace do Mercado Livre, na América Latina, 109,5 milhões de itens, alta de 28% em relação ao mesmo período de 2018. As categorias de maior crescimento foram eletroeletrônicos de consumo, moda e beleza, casa e decoração.
Atualmente, provê um ecossistema de serviços para o comércio: o principal deles é o marketplace, um enorme shopping online, em que milhões de vendedores anunciam produtos e serviços para outros tantos compradores; a fintech Mercado Pago; Mercado Envios; Mercado Shops e Mercado Livre Publicidade. “Oferecemos soluções para que pessoas e empresas possam comprar, vender, anunciar, enviar e pagar”, reforça Julia.
Com 20 anos completados em 2019, a empresa tem capital aberto na bolsa de valores norte-americana Nasdaq desde 2007 e está em 18 países na América Latina. No Brasil, tem dois centros de distribuição com operação fulfillment e cinco com operações de cross docking, nas cidades de São Paulo, Louveira e Cajamar (SP). Conta com mais de 43,2 milhões de usuários registrados na América Latina e acima de 11 milhões de vendedores únicos. Atualmente, são 11.066 colaboradores na América Latina, dos quais 3.022 estão no Brasil.
Desempenho
No quarto trimestre de 2019, último período reportado pela empresa, o volume de vendas (Gross Merchandise Volume – GMV) do marketplace na América Latina alcançou US$ 3,9 bilhões, com alta de 19,7% em dólar e de 39,7% em moeda constante em relação ao ano anterior. O GMV da operação brasileira avançou 23,4% em reais. No período, foram vendidos no marketplace do Mercado Livre na América Latina 109,5 milhões de itens, alta de 28% em relação ao quarto trimestre de 2018. Entre as categorias de maior crescimento estão eletroeletrônicos de consumo, moda e beleza, casa e decoração.
A receita líquida no quarto trimestre cresceu para US$ 674,3 milhões, um aumento, ano a ano, de 57,5% em dólar e de 84,4% em moeda constante. A operação no Brasil representou 63,5% da receita líquida total da companhia no trimestre, tendo alcançado US$ 428,3 milhões, crescimento de 61,4% em dólar e de 74,5% em real, quando comparada com o mesmo período (quarto trimestre) de 2018.
Mudanças
A trajetória do Mercado Livre se mistura com a do e-commerce na América Latina, conta Julia. “Com mais de 20 anos de história, estivemos sempre na vanguarda do comércio digital. Estamos democratizando o acesso ao comércio, aos meios de pagamentos e, mais recentemente, passamos a democratizar também o acesso ao crédito, oferecendo linhas diversas a empreendedores do marketplace, compradores e, também, àqueles que utilizam nossos POS – máquinas de cartão.”
Atualmente, o Mercado Livre tem mais de 43,2 milhões de usuários registrados na América Latina e acima de 11 milhões de vendedores únicos. Dos 11.066 colaboradores, 3.022 estão no Brasil.
Nesses anos, o consumidor brasileiro também foi mudando e descobrindo como comprar, pagar e resolver tarefas do dia a dia de forma online, principalmente pelo smartphone. Um relatório divulgado recentemente pela App Anne, empresa de pesquisa com foco em recurso mobile, mostrou que o app do Mercado Livre é o aplicativo de varejo mais baixado no Brasil, e o do Mercado Pago – fintech do Mercado Livre que oferece o recurso de carteira digital – é o quinto mais baixado entre os apps de fintechs no País.
O fato é que a tecnologia mobile transformou não só a maneira de comprar e de usar serviços financeiros como também outras atividades, como lazer, transporte e viagem. Com o smartphone, muito mais pessoas passaram a ter acesso à internet – o número é superior ao do período em que ela era acessada apenas pelo desktop ou pelo notebook. “Isso, sem dúvida, já transformou e vai transformar ainda mais o comportamento do consumo”, diz a diretora de marketplace do Mercado Livre no Brasil.
Futuro
O mercado de consumo é promissor no Brasil. O consumidor está mais consciente, e é comum a decisão de compra ser impactada pela avaliação que ele faz da empresa que oferece o produto, relata Julia. Sortimento e preço continuam sendo importantes, claro, mas cada vez mais o consumidor agrega aspectos como gestão transparente, sustentabilidade e responsabilidade social entre os critérios de avaliação antes da compra. “Às vezes, até prefere pagar mais caro a comprar de quem não tem postura condizente com seus propósitos.”
Em 2020, o Mercado Livre contempla um investimento de R$ 4 bilhões na operação da empresa no Brasil, dirigido, principalmente, às operações de logística, fintech e marketing. Com isso, quer ampliar os seus serviços, focados nas necessidades dos clientes. Também seguirá com a estratégia de priorizar crescimento a partir da eficiência nos gastos e da capacidade de levar benefícios para vendedores e compradores.
Desafios também precisam ser superados, diz Julia. “Entre eles, tornar as entregas por meio da nossa malha logística cada vez mais rápidas e com preços cada vez mais baixos. Também estamos trabalhando fortemente para popularizar o uso do Código QR de Mercado Pago, um novo meio de pagamento acessível a todos por meio do celular. Atualmente, já são 16 milhões de usuários dos apps Mercado Pago e Mercado Livre que pagam via QR Code no Brasil.”
Por Leda Cavalcanti e Neusa Japiassu
Fotos: Divulgação