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PENSE VERDE, RESPONSABILIDADE & SUSTENTABILIDADE.
“Em 2023, utilizamos cerca de 3 mil toneladas de plásticos reciclados nos produtos fabricados no Brasil e planejamos substituir, globalmente, 50% da matéria-prima virgem em nossas linhas até 2030.”
por Leda Cavalcanti
João Zeni é diretor de sustentabilidade no Electrolux Group América Latina desde 2020. Lidera de forma transversal o tema e está à frente do desenvolvimento e da implementação da estratégia de sustentabilidade da empresa para a região. Com 13 anos de experiência em sustentabilidade, gestão de equipes e desenvolvimento de estratégias, atuou em grandes players do mercado, como Vivo e Cielo. Conselheiro-diretor da Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (ABREE), é engenheiro pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná e tem formação pela Universidade de Cambridge no programa de estudos sobre sustentabilidade e pela Universidade de Oxford, no Reino Unido. Nascido e criado em Curitiba (PR), seu propósito profissional e pessoal é estimular e provocar mudanças efetivas nas pessoas para que criem caminhos sustentáveis em suas ações.
A busca de soluções para trazer mais sustentabilidade em todas as etapas de produção e cadeia de valor é uma constante no Electrolux Group, que vem reduzindo o uso de plástico virgem em seus produtos. Em 2023, utilizou cerca de 3 mil toneladas de plásticos reciclados só no mercado brasileiro. Globalmente, tem a meta de utilizar, no mínimo, 50% desse tipo de resina em suas linhas de eletrodomésticos até 2030, ano em que espera ter implantado a ação nos 120 mercados em que atua.
Denominada For The Better 2030, a estratégia global da empresa se baseia em dois principais pilares: zerar a emissão de carbono e tornar os seus negócios circulares. Em 2019, no seu aniversário global de 100 anos, formalizou metas de sustentabilidade divididas em três pilares e atreladas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
A primeira é alcançar a neutralidade climática até 2030, usar recursos de modo mais eficiente e agir de forma ética, liderando em diversidade e preservando diretos humanos. A segunda está no aumento de eficiência hídrica e energética na entrega de produtos. E a terceira é fomentar hábitos mais sustentáveis na sociedade, desde a alimentação, e tornar as residências mais sustentáveis por meio de soluções inteligentes para ar, água e chão.
PÁGINAS VERDES – Quando o grupo passou a substituir o plástico virgem por reciclado?
JOÃO ZENI – O primeiro produto comercializado com plástico reciclado em sua composição no mercado brasileiro foi um aspirador de pó, em 2011. A predominância do uso desse tipo de resina nos produtos da Electrolux é na linha Floor Care (lavadoras de alta pressão e aspiradores de água e pó), na qual alguns itens, como o aspirador de pó e água Acqua Power com função sopro, já atingem mais de 50% de plástico reciclado pós-consumo (PCR) na fabricação. PCR é a sigla referente à expressão inglesa post-consumer recycled, é uma resina obtida a partir de materiais plásticos que já foram utilizados. No mercado global, em 2010, com nossa iniciativa Vaccum From The Sea, lançamos cinco aspiradores de pó feitos de resíduos plásticos coletados nos oceanos do mundo.
PV – Quais os benefícios da iniciativa?
JZ – O aumento do uso de plásticos de última geração, substituindo principalmente o metal na indústria de eletrodomésticos, dá aos fabricantes grande variedade de opções, possibilitando designs inovadores e melhor desempenho. Traz vantagens como o maior apelo estético, economia de energia, menor peso, maior resistência à abrasão, à corrosão e à temperatura, operação mais silenciosa e menor custo de manutenção.
PV – A mudança para produzir eletrodomésticos mais verdes foi difícil?
JZ – Não foi uma transição fácil, pois é necessário haver um equilíbrio muito bem equacionado em investimentos, em inovação e em parcerias para garantir que possamos entregar produtos mais sustentáveis, com menor consumo de energia e água e menos necessidade de extração de materiais da natureza. Esses avanços dependem da evolução conjunta entre parceiros e a cadeia de fornecimento, ou seja, para avançar, a cooperação é fundamental. O caminho é longo, por isso temos metas bem definidas.
PV – Em produtos, quais os melhores exemplos?
JZ – Desde 2021, temos um dos refrigeradores top freezer mais eficientes do mercado (47% de redução em consumo energético em relação à classificação A do Inmetro). Agregamos à nossa linha de produtos placas solares para geração de energia elétrica em residências e empresas, que ajudam a reduzir em até 95% a conta de luz. Escolhemos materiais de menor impacto na fabricação dos eletrodomésticos. O grupo criou uma linha de produção na planta de São Carlos (SP) que permitiu trazer ao País a exclusiva tecnologia da marca chamada de cavidade selada. É uma forma diferenciada de dar acabamento à parte de dentro dos fornos dos fogões ou de embutir. Entre os diferenciais da cavidade selada
está a cocção até 33% mais rápida (nesse formato o calor não escapa para fora do forno), e a economia é de até 32% no consumo de energia (comparado com cavidades não seladas de mesma capacidade e com o mesmo queimador/potência).
PV – Hoje, quais os produtos fabricados com plástico reciclado?
JZ – Quando falamos de volume de PCR utilizado como um todo, a categoria de Fabric Care – máquinas de lavar – é a que tem maior demanda, pela nossa penetração no mercado brasileiro. Quando falamos de porcentagem de PCR, nos referimos à nossa linha de Floor Care, isto é, lavadoras de alta pressão e aspiradores de pó, com produtos que atingem mais de 50% de plástico reciclado em sua fabricação. No caso de geladeiras há mais desafios, pois ainda não é possível usar plástico reciclado em partes que podem ter contato direto com alimentos. Já buscamos soluções que estão implementadas em nosso mercado europeu, que tem refrigeradores com cerca de 13% de plástico reciclado.
PV – E no caso das embalagens?
JZ – Nossa estratégia foca na circularidade das embalagens, que, entre papelão, plástico e EPS, alcança patamar próximo a 20% de reciclagem, além do atendimento legal em relação ao estímulo à reciclagem, realizando a compensação de 22% de nossas embalagens anualmente, índice que passará a 30% neste ano. O grupo não olha só para o início da sua cadeia, mas também para o fim da vida útil dos eletrodomésticos. Tem um programa próprio de logística reversa desde 2022, o Serviço de Coleta e Descarte Consciente, que retira na casa do consumidor o produto, de qualquer marca, na compra de um novo. A partir do programa, já foram recicladas mais de 320 toneladas de materiais. E somos membros fundadores da Associação Brasileira de Reciclagem de Eletrodomésticos e Eletroeletrônicos (ABREE).
PV – Como o grupo atua nos temas sociais e de inclusão?
JZ – O grupo trata o tema Diversidade & Inclusão como um pilar transversal e se compromete a construir times diversos e estimular a cultura inclusiva e socialmente responsável, permeando toda a jornada de seus colaboradores e consumidores. Em 2020, a América Latina foi pioneira ao criar a primeira área de diversidade e inclusão do grupo, com profissionais dedicados ao tema para impulsionar ações, monitorar avanços e assegurar que as práticas, produtos e serviços traduzam nosso compromisso com D&I. Com a criação dessa área, assumimos metas e implementamos ações para tornar a empresa mais inclusiva e um reflexo das sociedades onde atuamos. Além de compromissos regionais, temos a meta global de alcançar de 40% a 60% de mulheres em posição de liderança até 2030 (temos atualmente 34% na América Latina).
PV – Como nasceu o Misture-se?
JZ – Em 2018, a América Latina foi pioneira no grupo ao criar o Misture-se, primeiro comitê de D&I da companhia. Movidos pelo convite “Venha como você é”, nossos cinco subcomitês (etnia, gênero, gerações, LGBT+ e pessoas com deficiência) são formados por colaboradoras e colaboradores voluntários desde sua criação, em parceria com áreas-chave da empresa, e contribuem para melhorias em benefícios, processos, infraestrutura e canais de atendimento. Além disso, temos produção majoritariamente local, com geração de impacto socioeconômico. Nossa nova fábrica em São José dos Pinhais (PR) vai gerar 2 mil empregos diretos e indiretos, com a contratação de mão de obra local.
PV – Qual outro programa social tem a empresa?
JZ – No entorno de nossas operações, temos programas sociais. Um deles é o Programa Gastronomia Sustentável, que oferece às pessoas em situação de vulnerabilidade econômica e social capacitação gratuita em técnicas culinárias, consumo sustentável de alimentos, redução de desperdícios e empreendedorismo. No Brasil, o projeto já formou quase 500 pessoas desde 2017, com uma taxa de empregabilidade de 66%, e, recentemente, iniciou uma turma 100% dedicada à comunidade LGBT+.
Fonte: Eletrolar News Ed. 160