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PENSE VERDE, RESPONSABILIDADE & SUSTENTABILIDADE.
por Leda Cavalcanti
“Cuidar do planeta é pensar na sustentabilidade do negócio, por isso assumimos nossa responsabilidade para frear os impactos das mudanças climáticas.”
Veridiana Haas, gerente de Gente e Gestão no Grupo Leonora, também é conselheira e secretária de Governança Corporativa do Conselho Consultivo da empresa. É responsável pelos subsistemas relacionados a pessoas, processos, planejamento estratégico e ESG. Formada em administração de empresas com ênfase em análise de sistemas, é pós-graduada em gestão de pessoas e tem certificação como conselheira pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Construiu sua carreira em organizações de serviços e varejistas, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), de Santa Catarina, e a Companhia Hering.
O mundo gera mais de 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico por ano, o equivalente ao peso de 265 baleias-azuis em celulares, notebooks, eletrodomésticos e outras peças eletrônicas descartadas de forma incorreta na maioria das vezes. Os dados são do Monitor Global de Lixo Eletrônico 2020, da ONU, que trouxe outro alerta: em 2030, o lixo eletrônico gerado no mundo pode chegar a 74 milhões de toneladas anuais.
Gestor da marca Letron, o Grupo Leonora, holding que está no mercado há 38 anos, fomenta ideias inovadoras de educação e startups. Construiu pilares para embasar sua atuação no tema ESG. A marca Letron iniciou o desenvolvimento da Linha Ocean, que trouxe os primeiros eletrônicos feitos totalmente com plásticos retirados dos oceanos.
Desde quando a marca Letron atua dentro dos conceitos ESG?
Veridiana Haas – A marca Letron foi para o mercado em 2021 e, em 2022, iniciou o desenvolvimento da Linha Ocean. Os primeiros eletrônicos dessa linha, feitos 100% com plásticos retirados dos oceanos, foram lançados em julho de 2023, na feira Eletrolar Show.
Como surgiu a ideia?
VH – A ideia nasceu da nossa inquietude pela questão sustentável e é um pequeno passo à frente na jornada de sustentabilidade da marca Letron e do Grupo Leonora. Sua embalagem também conta com redução do uso de tinta e é feita com material livre de plásticos, o que reforça todo o conceito da linha.
Quais são os produtos em linha e de onde é retirado o plástico?
VH – Hoje, temos três produtos em linha, sendo uma caixa de som e dois fones TWS. Está em estudo a ampliação da coleção. O plástico é retirado do Oceano Índico, no sudeste asiático.
Como é o apoio da marca britânica Boompods a esse trabalho?
VH – Nós desenvolvemos os produtos com a marca britânica Boompods, que tem parceria com o coletivo #tide, que recolhe garrafas plásticas dos oceanos, faz sua limpeza e depois comprime o plástico para enviar à Swiss University, que transforma esse plástico na matéria-prima que será usada na confecção dos produtos.
Quanto já foi recolhido de plástico e qual a redução na emissão de carbono?
VH – Já recolhemos em torno de 5.000 garrafas, apenas com o lote inicial. Produtos feitos com esse tipo de plástico emitem 80% menos carbono em comparação aos que são produzidos com o plástico virgem.
O Grupo Leonora segue quais princípios ESG?
VH – A ESG faz parte da estratégia de negócio do grupo. Essa jornada teve início em 2022, com a sensibilização sobre o tema e início da construção de todo o mapeamento da nossa matriz de materialidade. Em 2023, intensificamos ainda mais essas conversas estabelecendo o Comitê de Sustentabilidade, focado em definir e acompanhar nossos compromissos e metas, além de ser agente mobilizador do tema no negócio. Construímos, também, nossa política de sustentabilidade, que foi validada pelo Conselho Consultivo, formalizando todas essas práticas.
Quais os compromissos estabelecidos?
VH – Olhamos os três pilares, ambiental, social e de governança, com acompanhamento de cinco anos (2023-2027). No pilar ambiental, nosso foco é termos uma gestão eficiente de resíduos, responsabilidade com o clima e produtos construídos com menor impacto ambiental, caso da linha Ocean, da marca Letron. Temos metas que passam por redução de gases do efeito estufa, com olhar para a recuperação/compensação dos produtos descartados no pós-consumo e diminuição de resíduos em nossa operação.
No pilar social, o foco é no desenvolvimento dos times, na diversidade e inclusão, relações de confiança com nossos consumidores e em como podemos contribuir para a educação e a sociedade, através de investimentos sociais e representatividade de produtos com foco em educação inclusiva. Nossas metas passam por ampliar a representatividade e equidade de mulheres em posições de liderança, de pessoas negras e pardas e com deficiência em nosso quadro. Fortalecemos o nosso time de mulheres em posições de liderança: cresceu 225% em 2023. Fechamos com ano com 35% de mulheres no quadro total.
Na governança, atuamos com integridade, transparência e respeito, cuidando da nossa cadeia de fornecedores, dos dados dos nossos colaboradores e clientes e também em como reforçamos comportamentos éticos e transparentes para a totalidade das nossas pessoas.
Quais outras práticas de gestão ambiental são adotadas?
VH – Destinação para reciclagem dos resíduos gerados em nossa operação (papelão e plástico); compensação das nossas embalagens através da EuReciclo; produtos não testados em animais; desenvolvimento de itens com menor impacto ambiental; e substituição de copos e garrafas plásticas de consumo único no dia a dia e nos eventos corporativos. No plano para 2024, estão previstos evolução em uso de energia de fontes renováveis, inventário de GEE (gases de efeito estufa), ajuste da iluminação no CD para LED e logística reversa de produtos eletrônicos.
Como a empresa integra as ações ESG em sua estratégia de negócios?
VH – Falar de ESG é falar de estratégia. Em nossa revisão do planejamento estratégico, em 2023, seguimos priorizando o desenvolvimento da cultura ESG no negócio. Em 2024, temos provocado OKRs (objetivos e resultados-chave) em todas as áreas focadas nas metas estabelecidas no plano de ESG, tornando o assunto mais transversal e pauta constante nas discussões com a liderança. A OKR é uma metodologia de gestão que visa simplificar a forma de encarar os objetivos principais de uma empresa. Entendemos que olhar para a sustentabilidade é a garantia da perenidade do nosso negócio, por isso precisa fazer parte da mentalidade de todas as áreas em suas atividades.
Nos temas sociais e de inclusão, como é a atuação?
VH – Construímos alguns pilares para embasar nossa atuação. Quando há uma solicitação, captamos melhor as necessidades da instituição através da descrição do projeto ou fazendo visitas, porque queremos acompanhar o impacto que geramos, diminuir doações pontuais e acelerar parcerias que fomentem um investimento a longo prazo. Atualmente, apoiamos o CADI, que atua no atendimento e empoderamento de crianças em situação de vulnerabilidade social na nossa comunidade, potencializando a educação. Temos projetos de informação na prevenção e diagnóstico precoce do câncer e levamos atendimento às áreas remotas, que são frentes que se conectam bastante com nosso propósito.
Como a empresa envolve funcionários e fornecedores nos critérios ESG?
VH – Sabemos da importância de educar para a sustentabilidade e como esse processo de formação de mobilizadores é fundamental para a implementação de qualquer estratégia na prática. Temos feito ações simples, mas que estimulam o olhar das pessoas para o tema. Em 2023, realizamos agendas com 100% dos nossos colaboradores, divulgando e dando conteúdo sobre compromissos e metas. Esse conteúdo foi incluído em nossa integração institucional de novos colaboradores. Entregamos canecas térmicas e copos personalizados para todo o time, retirando os plásticos que geravam grande consumo de itens de uso único. De outubro a dezembro de 2023, evitamos a utilização de cerca de 30 mil copos plásticos. Disponibilizamos máquinas de água (natural, gelada e com gás) e retiramos as garrafas que eram fornecidas.
Em nossa pesquisa GPTW (Great Place to Work), realizada em dezembro de 2023, tivemos uma pontuação excelente quando perguntamos sobre a percepção dos nossos colaboradores em relação às ações de sustentabilidade do negócio diante das turbulências de mercado. Quanto aos nossos fornecedores de insumos, foram incluídos critérios na avaliação dos parceiros sobre práticas de ESG. Trocamos os que não atendiam aos requisitos mínimos estabelecidos.
Fonte: Eletrolar News Ed. 159 – Especial Presidentes