O futuro dos meios de pagamento no varejo B2B
Rápido, gratuito e com ampla aceitação, o Pix vem transformando as transações financeiras no Brasil com impacto direto no varejo B2B. Eficiência, inovação e a criatividade das startups apontam para novos horizontes.
por Igor Lopes
O mercado de meios de pagamento no Brasil está atravessando uma revolução sem precedentes. Movido pela adoção massiva do Pix e pelo surgimento de startups que oferecem soluções inovadoras, o setor tem se consolidado como um pilar estratégico para o desenvolvimento do varejo B2B, que envolve indústrias, distribuidores e lojistas em operações de grande escala.
Desde seu lançamento, em 2020, o Pix tem transformado as transações financeiras no País. Mais do que um método rápido e gratuito para transferências, ele evoluiu para atender a demandas mais complexas, como aquelas do setor empresarial. Dados do Banco Central mostram que 33% das transações comerciais já utilizam o Pix, e a expectativa é de crescimento acelerado com o lançamento de funcionalidades como o Pix Garantido, que oferece segurança para pagamentos parcelados, o Pix Automático, para transações recorrentes, e o Pix Internacional, projetado para facilitar negociações globais.
Essas inovações têm impacto direto no varejo B2B, um segmento onde prazos estendidos, previsibilidade financeira e transações de alto volume são características fundamentais. Segundo especialistas, a possibilidade de realizar pagamentos imediatos com maior flexibilidade coloca o Pix no centro da digitalização financeira do setor.
O papel das startups
Além do avanço do Pix, startups brasileiras estão desempenhando um papel transformador na modernização dos meios de pagamento. Entre elas está a RecargaPay, que une inovação com benefícios práticos para lojistas e empresas. Uma de suas soluções mais relevantes para o mercado é o Pix parcelado, que permite ao cliente dividir pagamentos em até 12 vezes no cartão de crédito, enquanto o lojista recebe o valor integral imediatamente.
“Começamos a oferecer o Pix parcelado em janeiro de 2021, três meses após o lançamento do Pix convencional, ao entendermos essa oportunidade. E agora, com as novas modalidades oferecidas pelo Banco Central, o Pix vai tentar replicar a lógica do cartão de crédito, mas de uma forma melhor porque simplifica um pouco a cadeia de pagamentos. Ele tira do caminho alguns intermediários que sugam taxas no meio do processo”, afirma Wenceslao Frers, senior VP de B2B. “Dessa forma, ao substituir o cartão de crédito, que custa 3-4% para a loja, isso vai passar a custar 1% com o Pix, e todo o sistema melhora”, completa.
A plataforma funciona não só para grandes varejistas, mas também para a pequena e média empresa. Ao oferecer recursos como cashback, pagamento de boletos e recarga de serviços, o pequeno lojista consegue aumentar sua margem. Rodrigo Silva, dono de um pequeno estabelecimento em Barueri, na Grande São Paulo, utiliza esses recursos para faturar mais e atrair maior número de clientes para sua loja. “A pessoa vem aqui, paga uma conta, acaba comprando um doce, um salgado, uma capa de celular. E, ao pagar a conta pelo RecargaPay, eu ganho um cashback por transação. Também ganho o cashback ao recarregar o celular dos clientes”, conta.
Outro exemplo de inovação é a Conta Comigo Digital, que facilita a vida de empresas que emitem boletos e a dos bancos que recebem esses pagamentos. A solução conecta os boletos das empresas que estão pulverizados no sistema bancário ao consumidor final, dentro do seu próprio banco. “Nós vemos uma parcela do varejo que quer sair do código de barras com a intenção de passar aquela cobrança para o QR Code e Pix. Nesse sentido, a Conta Comigo pode integrar essa venda e esse QR Code à instituição bancária, e essa cobrança vai aparecer para o cliente dentro do banco, junto com os outros boletos de consumo”, explica Vinicius Santos, fundador e CEO da Conta Comigo. “Também ampliamos a segurança porque só o estabelecimento associado ao Conta Comigo consegue emitir esse pedido de pagamento. Um carnê de uma loja, por exemplo, pode ser enviado para o banco até mesmo com uma solução ou um diferencial visual para evitar que fraudadores imitem essa cobrança”, acrescenta.
Uma terceira startup brasileira que vem ganhando destaque no setor é o Asaas, que facilita a gestão de cobranças, pagamentos e controle financeiro. Oferece, por meio de processos automatizados, alguns serviços que simplificam o dia a dia das empresas. “Imagine que eu tenho um e-commerce que precisa de escala ou soluções rápidas em determinadas datas. Com o Asaas, eu consigo integrar parceiros de forma simples”, explica Eduardo Kruger, vice-presidente de produtos do Asaas. Um exemplo prático é o cliente que possui arranjos de pagamento diferentes com vários parceiros. “Imagine um cliente que trabalha com comissão e precisa de uma plataforma que faça esses pagamentos de forma rápida, segura e transparente. É aí que entramos e ajudamos nas transações e integrações.”
A combinação de inovação, eficiência e integração será o caminho para empresas que desejam não apenas acompanhar, mas liderar a próxima etapa dessa revolução financeira.
Mais um exemplo de destaque é a Dotz, startup que une programas de fidelidade à inovação nos meios de pagamento. Ao integrar uma solução que permite aos consumidores acumular e utilizar pontos diretamente em compras no varejo, a Dotz não apenas incentiva a lealdade deles como simplifica as transações financeiras. Uma das grandes vantagens ao participar de um programa de lealdade é a possibilidade do upsell: ao ter contato com o cliente oferecendo descontos, o varejo consegue promover mais vendas por impulso ou garantir a permanência da marca na memória do cliente. “Entendemos que essa é uma das melhores formas de proporcionar maior poder de compra para a população, ao mesmo tempo que incentivamos o varejista a promover seus produtos e rentabilizar a base”, comenta Rafael Rapp, diretor de varejo da Dotz.
Tendência irreversível
Essas startups são parte de uma tendência maior de plataformas que integram pagamentos com gestão financeira, atendendo a uma necessidade crescente de simplificação e eficiência no varejo B2B. Outras empresas brasileiras como Mercado Pago, PagSeguro e Zoop também têm ampliado suas ofertas com soluções específicas para o segmento, por meio de maquininhas integradas, pagamentos omnichannel ou ferramentas que conectam vendedores e compradores de maneira mais eficiente.
Startups são parte de uma tendência maior de plataformas que integram pagamentos com gestão financeira, atendendo a uma necessidade crescente de simplificação e eficiência no varejo B2B.
A modernização dos meios de pagamento melhora a experiência operacional e também traz ganhos econômicos significativos. Estudos apontam que a adoção de pagamentos digitais pode reduzir os custos operacionais em até 25%, além de aumentar a previsibilidade do fluxo de caixa. Para o varejo, isso se traduz em maior competitividade, especialmente ao lidar com fornecedores e clientes em mercados cada vez mais exigentes.
O impacto também se estende ao comércio internacional. O Pix Internacional, atualmente em fase de desenvolvimento, promete eliminar intermediários e reduzir taxas em operações globais, o que será um diferencial estratégico para empresas que importam ou exportam produtos. Em um mundo cada vez mais globalizado, essa funcionalidade pode redefinir a dinâmica do comércio exterior brasileiro.
Desafios da transformação
No entanto, essa transformação não está isenta de desafios. A implementação de novas tecnologias requer investimento em infraestrutura, treinamento de equipes e uma atenção redobrada à segurança digital. Ciberataques e fraudes ainda representam riscos consideráveis, exigindo que empresas adotem soluções robustas de proteção de dados.
Apesar disso, o setor avança rapidamente. Com exemplos como os da RecargaPay, Conta Comigo Digital, Dotz e Asaas, e com as constantes melhorias no Pix e outras ferramentas digitais, o varejo B2B brasileiro está se posicionando na vanguarda da transformação dos meios de pagamento. A combinação de inovação, eficiência e integração será o caminho para empresas que desejam não apenas acompanhar, mas liderar a próxima etapa dessa revolução financeira.
O futuro dos meios de pagamento não é apenas digital. Ele é integrado, ágil e estratégico. E, para lojistas e indústrias, abraçar essas mudanças significa preparar o terreno para um crescimento sustentável e competitivo em um mercado em constante evolução.
Fonte: Eletrolar News Ed. 164