Rede com 330 lojas no sul do Brasil espera faturamento de R$ 1,7 bilhão em 2022
“Cada empresa tem que atuar no seu nicho e formato.” – Otelmo Drebes
Neste mês de outubro, Lojas Lebes comemora seus 66 anos de atividades como uma das principais redes varejistas do Sul do Brasil. Fundada por Otelo Drebes, em 1956, na cidade de São Jerônimo, interior do Rio Grande do Sul, começou sua trajetória como um pequeno varejo de produtos alimentícios. Hoje, está presente em mais de 290 municípios nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná e apresenta números robustos: tem 330 lojas, 3 mil colaboradores e 1 milhão de clientes ativos, e registra crescimento de 15% a 20% ao ano. Em 2022, o faturamento esperado é de R$ 1,7 bilhão.
O desenvolvimento se deu com a gestão familiar profissionalizada e práticas de governança corporativa. Em 2015, o fundador passou o comando da empresa para o filho Otelmo Drebes, que investiu em tecnologia, consolidou novos negócios, aumentou a capilaridade e acelerou a integração entre os canais físico e online. “Um dos maiores desafios do varejo é o de continuar crescendo. No nosso caso, o maior desafio é a gente conseguir se diferenciar junto ao cliente em atendimento, variedade de produtos e rapidez na entrega”, diz o presidente de Lojas Lebes nesta entrevista exclusiva para Eletrolar News.
Como o senhor define Lojas Lebes?
Otelmo Drebes – Como uma empresa moderna, avançada e que paga tudo em dia. Passamos por todos os planos econômicos, não temos problemas de aluguel e não brigamos. Trabalhamos há mais de 20 anos com os mesmos fornecedores. Somos tradicionais, corretos e também bastante modernos e inovadores. Estamos muito próximos do consumidor, visando à sua fidelização. Fidelidade é algo difícil, pois o consumidor sempre olha primeiro o que é mais barato.
“Cada empresa tem que atuar no seu nicho e com o seu formato. Temos planos para um número mais expressivo de lojas em Santa Catarina e, também, para avançar mais no Paraná. A Lebes tem tamanho suficiente para atender bem os estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.”
Como a rede fideliza o seu consumidor?
OD – Com foco total no cliente, a Lebes investe muito na omnicanalidade para tornar o consumidor cada vez mais protagonista na sua jornada de compra. Assim, ele compra o que quer, na loja física ou na Lebes digital, paga como quiser e retira ou recebe onde preferir. Para atender realmente a todas as necessidades do cliente e de sua família, o grupo é formado por um ecossistema completo voltado para superar todas as expectativas dele, não apenas no que se refere a produtos, mas também a serviços que facilitem o seu
dia a dia.
Quais são esses serviços?
OD – São serviços financeiros, como o empréstimo pessoal, seguros para a família e para a casa, e acesso facilitado a médicos com o Chama Doutor, plataforma de telemedicina. A Lebes Financeira é uma empresa autorizada pelo Banco Central, auditada pela KPMG, que possibilita a autonomia de toda a cadeia para a gestão do negócio, sem depender de terceiros, desde a análise do crédito até a cobrança, se necessário.
Em quais outros ramos a Lebes atua?
OD – Atuamos também no ramo da indústria de confecção com a marca própria New Free. A fábrica, localizada em São Jerônimo (RS), produz mais de um milhão de peças por ano, comercializadas exclusivamente nas lojas da rede. Temos, ainda, um centro administrativo em Eldorado do Sul (RS), em uma área de 2 mil m², e um de logística, com 19 mil m², no Parque Logístico da GLP, em Gravataí (RS). Dessa forma, o ecossistema Lebes está totalmente alinhado com o nosso propósito, que é o de facilitar o acesso das pessoas aos seus sonhos.
O que diferencia a rede em seu mercado de atuação?
OD – A Lebes é uma das maiores varejistas do Sul do Brasil e se diferencia pelo atendimento próximo e personalizado, tanto na experiência nas lojas físicas como na atuação digital. Com o slogan “Veste você, veste sua casa”, disponibiliza um mix completo e variado de produtos nas linhas de moda feminina, masculina, infantil, calçados, acessórios, cama, mesa e banho, móveis,
eletrodomésticos, eletroportáteis e tecnologia. Assim, o cliente encontra tudo o que precisa para a família e para a casa em um só lugar. Outro diferencial é a facilidade de pagamento, que, através do Crediário Lebes, oferece condições exclusivas com parcelas que cabem no bolso do nosso cliente.
“Daqui para a frente será preciso conviver com a questão da venda vertical. No caso das lojas física e online, haverá uma acomodação, até porque uma complementa a outra.”
A pandemia deixou lições?
OD – Sim, vimos o quanto precisamos nos adaptar mais rápido às situações, o quanto precisamos ser mais produtivos, hábeis e rápidos. Vimos, também, a importância da credibilidade e da estruturação para passar mais facilmente por situações difíceis.
Quantos tipos de lojas compõem a rede?
OD – São 330 lojas distribuídas nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Trabalhamos com dois tipos de lojas, as de 1 mil m², que atuam na linha dura, ou seja, com eletromóveis. As demais trabalham com a linha mole, isto é, com confecção, calçados e bazar. Nos últimos anos, abrimos lojas mais compactas, com até 150 m², digitais e com mix menor de produtos. Hoje, temos mais de 1 milhão de clientes ativos e 3 mil colaboradores.
Como é o comportamento dos produtos do segmento de eletroeletrônicos?
OD – As vendas de móveis e de eletroeletrônicos respondem por 70% do faturamento.
Qual é a previsão de faturamento para este ano?
OD – A expectativa é a de chegarmos a R$ 1,7 bilhão, um bom número para uma empresa do nosso porte.
É difícil ser varejista no Brasil?
OD – O varejista é um herói sobrevivente pelas dificuldades que enfrenta, como a concorrência, as exigências e a tributação. No entanto, a presença de empresários brasileiros na NRF, que ocorre anualmente em Nova York (EUA) é, disparado, a maior. Eles vão em busca de novidades em tecnologia e novos produtos. O varejo brasileiro não perde em nada para qualquer um de outro país.
Por que se alonga tanto a discussão sobre a reforma tributária?
OD – Todo mundo é a favor da reforma, mas quem vai passar a ganhar menos? O empresário terá que pagar mais? A dúvida sobre a reforma tributária é saber quem vai abrir mão do quê.
Como o senhor avalia a atuação do varejo brasileiro em 2022?
OD – A situação, neste ano, tem sido bem desafiadora, especialmente pelo momento de incerteza política e instabilidade financeira. Para a situação melhorar, a expectativa é a redução dos juros, o aumento do nível de confiança do consumidor e a manutenção da inflação nos índices projetados.
Quais são os maiores desafios do varejo nos próximos anos?
OD – Um dos maiores desafios do varejo é continuar crescendo. Para isso, a Lebes segue investindo fortemente em tecnologia e na digitalização para facilitar, cada vez mais, a jornada do cliente. Também é preciso ser criativo para atrair e fidelizar o consumidor, uma vez que os produtos e os preços são muito parecidos. Hoje, temos empresas regionais atendendo os locais onde as nacionais não entram. No nosso caso, o maior desafio é a gente conseguir se diferenciar junto ao cliente em atendimento, variedade de produtos e rapidez na entrega.
Como é a logística da empresa?
OD – Temos um centro logístico em Gravataí (RS), com 19 mil m², no Parque Logístico da GLP, que abastece todas as lojas. A distribuição fica a cargo da Intechlog. A frota é terceirizada, e a entrega dos produtos ocorre em 24 horas.
“Temos evitado abrir lojas em shoppings porque o custo é muito alto. Hoje, a classe média está mais propensa a comprar em lojas de rua. Uma loja no shopping, que abre das 10h às 22h, precisa ter mais funcionários, isso dobra o custo. Temos algumas poucas lojas mais tradicionais em shoppings.”
A empresa tem planos para avançar em outras regiões do País?
OD – Cada empresa tem que atuar no seu nicho e com o seu formato. Temos planos para um número mais expressivo de lojas em Santa Catarina e, também, para avançar mais no Paraná. Queremos chegar cada vez rápido ao cliente. A Lebes tem tamanho suficiente para atender bem os estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Não pensamos em ir para outras regiões do País.
Quando começou a transformação digital na empresa?
OD – Em 2017, fomos os primeiros no Brasil a implantar o sistema alemão SAP, com o objetivo de facilitar a experiência do consumidor. Investimos R$ 10 milhões em tecnologia/ano.
Como o senhor vê a concorrência entre a loja física e online?
OD – Daqui para frente será preciso conviver com a questão da venda vertical. No caso das lojas físicas e online, haverá uma acomodação, até porque uma complementa a outra. Por exemplo, quem já sabe todas as características de um celular vai comprá-lo no online, mas a loja física, por sua vez, tem carinho e atendimento. Ela é um ponto de experiência, um local para olhar e testar os produtos.
A empresa trabalha com marketplace?
OD – Temos marketplace, mas não é o foco da empresa. Não é vantajoso, o lucro é muito baixo.
As negociações estão mais difíceis atualmente?
OD – A negociação é mais difícil porque o fornecedor quer cobrar mais, e a outra parte quer pagar menos. Não adianta entrar numa guerra, é preciso diálogo. Hoje, indústria e varejo estão mais juntos.
O que é melhor? Lojas de shopping ou de rua?
OD – Temos evitado abrir lojas em shoppings porque o custo é muito alto. Hoje, a classe média está mais propensa a comprar em lojas de rua. Uma loja no shopping, que abre das 10h às 22h, precisa ter mais funcionários, isso dobra o custo. Temos algumas poucas lojas mais tradicionais em shoppings.
“A Lebes tem tamanho suficiente para atender bem os estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.”
Nesses 66 anos, quais foram as maiores transformações do consumidor?
OD – O consumidor ficou mais exigente, quer mais agilidade e mais facilidades, como efetuar o pagamento com dois cartões de crédito. Ele quer comprar e retirar o produto onde quiser.
O que o senhor espera de 2023?
OD – Independentemente de quem ganhar a eleição, haverá um desenvolvimento maior e mais investimentos. Acredito em crescimento no ano de 2023.
Fonte: Eletrolar News #151