MARKETPLACE – Caminho sem volta
Há cerca de quatro anos, o marketplace já era considerado o negócio daquele momento, mas o seu maior desenvolvimento se deu nos últimos meses, quando o varejo físico ficou de portas fechadas. “Mais do que uma continuidade do crescimento, houve uma grande aceleração do marketplace. Quem tinha dúvida sobre o modelo não tem mais, ele é como um shopping center, uma forma de expor e escoar os produtos”, diz Rafael Forte, presidente da VTEX, plataforma brasileira de comércio unificado, uma das líderes do segmento.
Para os fabricantes e lojistas de menor porte, principalmente, o marketplace é o “go to market”, o modo mais rápido de ir ao mercado e com parte do caminho percorrido, sem despender muito dinheiro, afirma Rafael. “Os médios e pequenos que não estavam no ambiente online encontram vantagem nesse modelo de negócio, porque não têm necessidade de se preocupar com tecnologia, mídia, e-mails marketing e estrutura de vendas. Por isso, ele é um acelerador das vendas.”
Os marketplaces responderão por 38% de todas as vendas do e-commerce neste ano.
O marketplace é bom quando o participante sabe trabalhar o seu produto. Isso significa estudar matematicamente a venda de volumes maiores com menor margem e até “queimar” um produto para limpar o estoque. Fabricantes e varejistas de peso escolhem bem o mix e utilizam a plataforma com mais inteligência comercial. “É comum grandes varejistas venderem produtos de nicho, inclusive em redes regionais, que têm muita credibilidade onde atuam. O marketplace complementa a estratégia de vendas”, garante Rafael.
Grande catálogo atrai
O Brasil tem mais marketplaces que os Estados Unidos, país onde o modelo nasceu para oferecer ao consumidor, em um único lugar, produtos de vários fornecedores. Calcula-se que, este ano, os marketplaces responderão por 38% de todas as vendas do e-commerce. A comissão paga, que variava de 9% a 15%, caiu em algumas categorias de produtos, porque os canais online, na atual situação, tornaram-se a única fonte de renda do varejo. No caso da linha branca, a taxa sempre foi menor.
A atratividade do marketplace não é o preço, que nem sempre é mais barato, mas sim o grande catálogo. “Compra-se tudo no mesmo lugar, o mesmo item é vendido por fornecedores diferentes, e o consumidor está se acostumando, não tem mais receio do modelo, como ocorria antes. Ele está se apropriando do canal online para fazer suas compras, não tem outra saída”, diz o presidente da VTEX. Eletrodomésticos e eletroeletrônicos estão entre as principais categorias do e-commerce.
O marketplace vai agregar cada vez mais categorias e serviços, garante o executivo. “O consumidor, por exemplo, quando comprar um aparelho de ar-condicionado, irá adquirir a instalação ao mesmo tempo. É a transformação digital. E a loja física também irá criar serviços agregados ao consumidor. Depois da Covid-19, ela será um ponto de referência, meio centro de distribuição, meio de experimentação. Irá se transformar da mesma forma que o consumidor. É uma evolução do varejo e do consumo.”
Modelo sustentável
O marketplace tem poder de fogo, afirma Rodrigo Bandeira Santos, vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). “Existe um grande engajamento das grandes redes, e algumas, como o Magazine Luiza, estão criando iniciativas, inclusive com o Sebrae, que favorecem os pequenos empreendedores. Há uma preocupação com as empresas que, da noite para o dia, tiveram que mudar a forma de vender e entender uma realidade nova.”
Quem já estava no canal online colocou nele todas as fichas, e quem ainda não havia entrado correu contra o tempo. “O modelo de marketplace é sustentável a partir do momento em que que os sellers tenham planejamento e compromisso. Mais do nunca, é importante vender de modo saudável. O seller precisar estar organizado para escolher fornecedores corretos, que entregam seus produtos. Os dois lados têm que funcionar bem para atender o consumidor”, diz Rodrigo.
Após uma retração no início de março, o faturamento do e-commerce brasileiro cresceu 47% em abril.
No início da quarentena, as vendas caíram 20%, mas se recuperaram, e o e-commerce registrou crescimento acumulado de 47% no faturamento em abril. O tíquete médio aumentou em 18%, chegou a R$ 492,43, maior que o do início de março, quando era de R$ 417,82. Produtos eletrônicos registraram alta de 66,10%, mostra a pesquisa realizada pela ABComm em parceria com a Konduto, no período de 1º de março a 25 de abril. “A expectativa é de crescimento para todos os segmentos. A atividade online faz a economia girar”, atesta o vice-presidente a ABComm.
Fonte: Revista Eletrolar News ed. 136 – Por Leda Cavalcanti