LOGÍSTICA/TRANSPORTE Setor se reinventa para superar a crise
Por Dilnara Titara
As empresas de logística tiveram que se adaptar às medidas implementadas para a prevenção contra o novo coronavírus. Quando governos estaduais e municipais determinaram o fechamento de praticamente todas as atividades comerciais, os reflexos foram grandes e atingiram toda a cadeia produtiva, incluindo o setor de cargas e logística.
Na adaptação aos novos protocolos, as empresas do setor precisaram se reinventar. “A nossa atividade foi considerada essencial e de utilidade pública por decreto presidencial. Por isso não paramos, mas revisitamos
os processos e adotamos novas medidas para nossos colaboradores”, conta Marcelo Florio, diretor comercial do Grupo Protege.
Nos últimos anos, a KM Cargo estava focada no transporte aéreo nacional, diz Kleber Pavan, diretor financeiro da empresa. “Então, um dos maiores impactos para nós foi o cancelamento de voos, afetando toda a malha aérea. Tivemos que nos reinventar com nossos caminhões blindados e aderir a todas as medidas sanitárias.”
Perfil do transporte
A evolução do e-commerce colaborou para a atuação do setor de logística, apesar da redução dos volumes transportados em função da
retração econômica. “Com o fechamento das lojas, os produtos chegaram diretamente aos domicílios dos consumidores impulsionados pelas vendas online”, comenta Edson Carillo, vice-presidente de educação da Associação Brasileira de Logística (Abralog).
“A pandemia fortaleceu as vendas online, principalmente de produtos
eletrônicos.”
Com a popularização da internet e muito pela necessidade, durante a pandemia, as compras online se fortaleceram e passaram a impactar diretamente os números do transporte de carga no País. A alavancagem das vendas online ampliou o mercado para o setor de logística.
O Mercado Envios, braço logístico do Mercado Livre, registrou crescimento muito grande no seu volume de operação do e-commerce na América Latina, relata o vice-presidente Leandro Bassoi. “Cresceu mais de 100% em pacotes enviados. As pessoas experimentaram a compra online, mudaram o hábito e passaram a adquirir produtos de forma diferente.”
Repensando os negócios
A dinâmica dos dias atuais gerou a necessidade de repensar os negócios. “Os varejistas, aos poucos, vêm buscando implantar centros de distribuição em estados estratégicos, visando diminuir o valor do frete e do prazo de entrega”, conta Mauro Pavan, diretor comercial da KM Cargo. Essas novas operações facilitam e agilizam a entrega dos produtos ao consumidor. Neste ano de 2020, o Mercado Envios anunciou a abertura de cinco novos centros logísticos no Brasil, informa o vice-presidente. “Um deles já está em operação, com o objetivo de duplicar a capacidade de armazenamento e de processamento de encomendas.”
O incremento das vendas online trouxe o desafio de entregas mais ágeis, fracionadas e geograficamente ampliadas. “O cliente quer, cada vez mais, agilidade, e isso gera para a cadeia logística a necessidade de se reinventar e se adaptar aos novos tempos”, destaca Sérgio França, diretor comercial e de estratégia da Prosegur.
Apoio da tecnologia
O modal viário é o mais utilizado no Brasil. “Apesar de o País possuir larga malha, ela está abaixo do adequado quando comparada a outras nações”, diz Sérgio. “Usualmente, a logística tem impacto de 5% a 10% sobre o valor das mercadorias. As questões sobre infraestrutura são particularmente mais relevantes quando a utilização está próxima do limite”, explica Edson.
“Foi registrado crescimento muito grande em nosso volume de operação do e-commerce na América Latina – mais de 100% em pacotes enviados.”
A intensificação do uso da tecnologia tem colaborado muito para superar o desafio logístico no País, destaca Sérgio. “Isso ocorre por meio de ferramentas que nos permitem, por exemplo, traçar trilhas internas e externas mais eficientes, seguras e sem custos desnecessários.”
“Estamos otimistas em relação ao mercado logístico para 2021.”
Os serviços digitais para organizar, divulgar e vender produtos mostram oportunidades à logística e ao transporte. “Devemos continuar a sentir o incremento da entrega em domicílio. A conveniência ganha espaço no varejo”, diz Edson. “A pandemia fortaleceu as vendas online, principalmente de eletrônicos”, conta Marcel. “Entendemos que ainda haverá enorme crescimento do e-commerce, segmento que virou realidade no País”, atesta Mauro. A tendência é o segmento se adaptar às necessidades atuais, afirma Sérgio. “Estamos otimistas em relação ao mercado logístico para 2021”, resume.
Fonte: Eletrolar News edição 139