As principais lideranças da indústria, do varejo, de distribuição e de serviços revelam seus projetos e expectativas para 2023
Uma opinião é unânime: os três pontos acima são essenciais para o País se modernizar.
Por Leda Cavalcanti
Desafios e oportunidades vão caminhar juntos em 2023, na opinião da maior parte dos entrevistados desta edição. Há cautela e, ao mesmo tempo, confiança. O cenário econômico mundial, duramente afetado pela pandemia e agravado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, é uma preocupação de todas as empresas.
Apesar dessas dificuldades, o Brasil precisa avançar. É fundamental abandonar antigas práticas e proporcionar às empresas e aos cidadãos estabilidade, transparência e reformas que já deveriam ter sido feitas há bom tempo. A burocracia não cabe, hoje, nem no governo nem nas empresas, esta é uma realidade.
Em sua totalidade, os entrevistados esperam por uma reforma tributária que acabe com a complexidade do atual sistema, com suas várias alíquotas e privilégios, por meio de benefícios fiscais. O conjunto desses fatores aumenta o Custo Brasil, diminui a competitividade e retarda o investimento em educação, pesquisa e tecnologia.
ALEXA
Em 2023, dará continuidade à estratégia traçada em 2022, que lhe permitiu tomar melhores decisões, solucionar mais rápido os desafios e trazer produtos e serviços em linha com a necessidade dos consumidores, diz Talita Taliberti, country manager no Brasil. “A Alexa está cada dia mais inteligente. Queremos que ela e todos os nossos dispositivos sejam intuitivos, proativos e personalizados, e que todos consigam usá-los.”
O ano de 2022 foi marcado por avanços no País. “Entre esses avanços, estão as novas funcionalidades no aplicativo gratuito para smartphones Android e iOS, como widgets de acesso rápi- do aos comandos de voz e lista de compra; o Amazon Kids em Alexa; a nova tecnologia de processamento de som no Echo Studio; e a opção de voz com timbre masculino para a inteligência artificial”, conta.
Hoje, no Brasil, há mais de 750 dispositivos conectados compatíveis ou com Alexa embutida, que contribuem para materializar o conceito de casa inteligente, fabricados por marcas como Positivo, Intelbras, Multi, i2Go, Philips Hue e Geonav, entre outras, diz Talita. “O mercado de inteligência artificial e dispositivos está cada vez mais completo e maduro.”
BANCO DO BRASIL
Em 2023, renova o seu compromisso de entregar resultados sustentáveis aos acionistas e ser um banco relevante, diz a presidente, Tarciana Medeiros. “Queremos ser uma empresa que proporciona a melhor experiência, que promove o desenvolvimento da sociedade de forma inovadora e eficiente, e que apoia pessoas, empresas, administrações públicas e instituições.”
O BB apresentou ao mercado suas projeções corporativas para 2023 durante a divulgação do resultado financeiro do quarto trimestre/22. “Esperamos crescimento da nossa carteira de crédito entre 8% e 12%, com previsão de lucro líquido ajustado entre R$ 33 bilhões e R$ 37 bilhões, ante o valor observado em 2022, de R$ 31,8 bilhões”, conta Tarciana.
Com a era digital, o nome do jogo é inteligência no conhecimento do comportamento dos clientes, diz a presidente. “Vamos avançar na busca de soluções e modelos de negócios que preparem o Banco do Brasil para as mudanças que estão transformando o sistema financeiro e o País. Vamos, também, investir na aceleração digital e pautar nossa atuação pela sustentabilidade, ênfase no desenvolvimento social e melhoria da eficiência operacional e controle de demais despesas.”
EUROPE ASSISTANCE BRASIL
Está preparada para buscar maior consolidação de sua visão e fundamentos, conta o CEO, Newton Queiroz. “Após um ano desafiador no cenário econômico global, que impactou a área de assistência, os resultados foram positivos. Estamos trabalhando para diversificar o nosso negócio. A expectativa é alta para 2023.”
A novidade será sair da oferta só por meio de parcerias com em- presas para estreitar o relacionamento com qualquer consumidor que queira se sentir protegido com as soluções da Europ. “Implementamos um sistema que vem aumentando nossos indicadores de NPS e lançamos parcerias sólidas no segmento de viagem, que é um de nossos focos de crescimento nos próximos anos”, explica o CEO.
Presente em mais de 200 países, continuará a investir em novas tecnologias para entregar trilhas de atendimento focadas em cada segmento de mercado e de clientes. “Ofertar assistência é interessante não só a seguradoras, mas também a indústrias, varejistas, empresas de meios de pagamento e outras. Estamos transformando o nosso jeito de trabalhar e prontos para um grande ano”, diz Newton.
GfK
Este ano será de dúvidas no mercado de duráveis e tecnologia sobre quais categorias retomam as vendas antes e quando; qual preço maximiza vendas e margens; como ficam as vendas físicas e online; a tendência dos marketplaces e o que muda na jornada do consumidor, diz Felipe Mendes, general manager LatAm da GfK. “Investir em recomendações para decisões corretas é muito importante.”
Modelos econométricos apontam que não só o crédito é relevante, mas também a confiança do consumidor e o nível de emprego, afirma Felipe. “Isso é conhecido conceitualmente, mas há uma im- portância relativa de cada um desses itens para a demanda, em cada categoria. A redução das taxas de juros, aproximando-as da inflação, estimula o varejista a arriscar mais. Não é o histórico do atual governo uma gestão mais apertada, mas seria positivo para a economia como um todo.”
“Em 2023, a GfK lança um serviço para a otimização dos ativos físicos (lojas). O gfknewron ganha mais informação sobre a jornada de compras dos consumidores, além de dados de vendas nos marketplaces durante todo o ano.”
GUELCOS
Está muito otimista com suas perspectivas para 2023, diz o diretor de growth e soluções, Vinicius Alves Marques. “Esperamos obter crescimento significativo nos resultados financeiros e aumentar os nossos negócios no Brasil e no exterior. Acreditamos que podemos alcançar faturamento maior que o do ano passado.”
Para este ano, a Guelcos está com um planejamento agressivo no uso de tecnologia e inteligência artificial. “Vamos lançar serviços em modelo SaaS, que compradores do varejo e da indústria poderão usar nos processos adicionais relacionados a comércio exterior, sourcing e planejamento de demanda”, conta o diretor.
A empresa está empenhada em monitorar de perto o mercado, garantindo uma posição de liderança. “No âmbito econômico, acreditamos que medidas como investimento maciço em infraestrutura, redução de tarifas, desoneração fiscal, investimento na educação e melhoria da qualidade dos produtos podem contribuir significativamente para estimular o setor”, diz Vinicius.
INFRACOMMERCE
Tem um modelo de negócio que vem se mostrando muito promissor, diz Eduardo Fregonesi, presidente da empresa no Brasil. “Prova disso é que nossas expectativas são de contínuo e forte crescimento. O faturamento será maior que o de 2022, provavelmente acima de 20%. Neste ano, também ampliaremos a infraestrutura operacional com a abertura de nosso segundo centro de distribuição em Extrema (MG).”
Em 2023, o foco será em inovação e aprimoramento das tecnologias de sua plataforma, sistemas de omnicanalidade e seller center, dentre outros. “Mantemos, também, todo o planejamento de incorporação e captura de sinergias das empresas que adquirimos no Brasil e na América Latina, tal como a Ecomsur, que nos deu a liderança nos países onde estamos presentes na região”, conta Eduardo.
O e-commerce brasileiro tem um longo caminho de oportunidades, pois sua penetração é baixa na comparação com Estados Uni- dos e China, afirma o presidente no Brasil. “A pandemia promoveu uma aceleração não esperada para o e-commerce e, por essa razão, o ritmo para os próximos anos deverá ser um pouco mais cadenciado, porém com incremento de receita.”
NEOGRID
Mesmo diante de todos os desafios macroeconômicos, a Neogrid vai crescer em 2023, afirma o CEO, Jean Klaumann. “Todo ambiente adverso traz oportunidades, e estamos muito conectados em alavancar estratégias para ajudar nossos clientes em seu maior desafio: conjugar crescimento com ampliação de margem.”
A empresa está mais próxima de seus clientes early adopters para a cocriação. “Isso estará demonstrado em nosso roadmap de tecnologia ao longo do ano. A agenda de digitalização e a adoção de inteligência artificial em temas como precificação estão entre nossos pilares. E estamos reforçando investimentos em nosso ecossistema de informação e distribuição no País”, diz o CEO.
O ambiente inflacionário e o custo de capital alto são muito nocivos, acrescenta. “Para nós, que apoiamos através de tecnologia as cadeias de consumo (varejistas, distribuidores e indústria), é fundamental o comprometimento com o retorno do investimento. Há oportunidades, mas é preciso considerar o curto prazo e o longo prazo no benefício esperado.”
PROSEGUR CASH
Espera aumentar o faturamento na marca de dois dígitos, diz o diretor comercial e de estratégia, Sérgio França. “Após um período de crescimento mais tímido, em 2022 o cenário foi de manutenção dos volumes transportados. Mas nossos KPIs mostraram aceleração nos volumes, com bons resultados. Em 2023, traremos como grande novidade a Prosegur Internacional, para atender à demanda do transporte de valores internacionais em moeda estrangeira e metais preciosos.”
Neste ano, seguirá no plano global de transformação digital da marca e na diversificação dos negócios. “Também buscamos ações na redução de custos, como data analytics, robôs para serviços repetitivos na programação de rotas, e formação e treinamento online dos colaboradores através da Universidade Prosegur”, conta Sérgio.
Com 112 filiais em todos os estados do País, chegando a mais de 80% dos municípios, a empresa considera que tudo o que for feito para deixar o negócio menos oneroso e mais ágil é bem-vindo, diz o diretor. “Vemos com bons olhos reformas, legislações e novas perspectivas advindas dos processos governamentais que possam somar nesse sentido.”
TOTVS
A empresa é sólida e tem caixa positivo, que espera ampliar ainda mais em 2023, diz Marcelo Eduardo Consentino, vice-presidente de negócios para segmentos. “Por meio da nossa estratégia de negócio baseada em um ecossistema de tecnologia estruturado em três dimensões (gestão, techfin e business performance), expandimos nosso mercado endereçável. O ano de 2023 é de aceleração da integração entre essas dimensões de negócio.”
Com portfólio completo de soluções e serviços, a empresa trabalha para se consolidar como trusted advisor dos clientes, conta o vice-presidente. “Oferecemos todo o suporte tecnológico necessário para que eles se concentrem em seu core business, tornando-se mais rentáveis para seguir crescendo.”
O mercado de tecnologia brasileiro se posiciona de maneira muito positiva e competitiva em relação ao resto do mundo, diz o executivo. “Além de um ecossistema próprio muito bem desenvolvido, de onde a TOTVS nasceu, os principais players globais atuam aqui. As empresas de tecnologia são muito promissoras, não à toa costumam ser muito procuradas por investidores em todo o mundo.”
VITEX BRASIL
A empresa cresce acima do mercado, diz o presidente e co- fundador, Rafa Forte. “As estratégias de negócio para 2023 foram desenvolvidas para manter a aceleração e a maturidade econômica da VTEX. Seguiremos atuando para desenvolver o ecossistema do comércio digital em diversas frentes, conectando parceiros, oferecendo soluções inovadoras e contribuindo para formar profissionais de tecnologia.”
Em 2023, mais uma vez, fará o Vtex Day, contribuindo para a integração do ecossistema, e terá papel importante na Black Friday. “Também continuaremos a investir em produtos, nas features de omnicanalidade e na regionalização das nossas soluções no mundo e nos diversos programas de formação”, conta o presidente.
O mercado é altamente adaptável e resiliente. “Nos últimos anos, a digitalização dos negócios foi acelerada para atender às novas formas de consumo, o que permitiu a realização do processo de maneira mais ágil. É um momento no qual as empresas estão mais focadas em lucratividade, não apenas em crescimento”, explica Rafa.
GRUPO PROTEGE
O ano será de retomada, diz o diretor comercial, Rodrigo Marchini. “O ambiente para novos negócios e investimentos deve se consolidar neste trimestre. Estamos preparados. Temos o maior hub logístico do país, em Campinas (SP), para o transporte de cargas de alto valor agregado, bases operacionais, como a de Serra (ES), e caminhões blindados.”
Em 2023, vai aumentar o volume de operações de transferência e distribuição de produtos de valor agregado para o segmento de eletrônicos, utilizando a malha da logística de valores. “Outro tema é a implantação da rota São Paulo–Rio de Janeiro para o transporte compartilhado de cargas de alto valor agregado”, conta Rodrigo.
PORTO SEGURO
Encerrou o quarto trimestre de 2022 com lucro líquido de R$ 555,6 milhões e receita total de R$ 7,9 bilhões. “Foi o maior resultado recorrente trimestral da sua história, com crescimento de 87,6% em relação ao resultado recorrente do mesmo período do ano anterior”, diz o CEO, Rivaldo Leite.
A Porto é um ecossistema de soluções de serviços de proteção para melhorar e facilitar a experiência do cliente e tem a perspectiva de que o mercado siga em expansão, diz o CEO. “Esta- mos otimistas e focados no crescimento sustentável, tanto da Porto como do mercado brasileiro. A tendência é que o setor siga investindo fortemente na diversificação de produtos e serviços.”
PORTO SOLAR
Em 2023, espera dobrar o faturamento e chegar perto de 500 franquias em operação, conta o CEO, Rodolfo Meyer. “Acreditamos que será um ano muito maior que 2022 em faturamento, instalações de sistemas fotovoltaicos e vendas de franquias.”
Para ativar o setor, uma solução seria os fabricantes de inversores permitirem que os sistemas fotovoltaicos financiados que ficassem inadimplentes fossem desligados de forma remota. “Isso traria maior segurança aos agentes financeiros”, diz o CEO, que, neste ano, investe forte na captura de clientes finais aos franqueados e ativa o seu centro de treinamento de instalação.
Fonte: Revista Eletrolar News – Edição Especial Presidentes #153