ESPECIAL PRESIDENTES ENTREVISTAS
Por Leda Cavalcanti e Dilnara Titara
A brusca parada das atividades provocada pela pandemia, em 2020, colocou à frente de todos os setores obstáculos que pareciam intransponíveis, justamente em um ano que havia começado razoavelmente bem, com aumento de 8% nas vendas de eletrodomésticos e eletroeletrônicos até o início de março. Com as lojas fechadas e um clima de quase inércia, o segmento foi à luta com agilidade e criatividade.
O varejo acelerou o e-commerce, ampliou o mix de produtos e criou ações de apoio para os que não tinham familiaridade com a plataforma. A indústria utilizou seu canal diretor para se comunicar com o consumidor. Se este não podia chegar até eles, ambos se moveram em sua direção, enfrentando os conhecidos desafios da malha logística brasileira. Houve perdas, é verdade, mas as ações contribuíram para tornar o cenário menos impactante.
Agora, é urgente um planejamento estratégico para recuperar a economia. Medidas como o auxílio emergencial ajudaram a amenizar a situação no ano passado, injetaram recursos na economia, mas não há condições de torná-las permanentes. Ações paliativas são úteis em determinado momento, mas os avanços passam, necessariamente, pela vacinação em massa da população. É ela que vai ditar o ritmo da retomada.
O Brasil precisa de uma agenda consistente, com inclusão de reformas há muito esperadas, como a tributária, uma vez que o sistema atual trava o crescimento e a produtividade. São inúmeros os problemas a serem solucionados e muitas as incertezas. O País precisa ser mais rápido e oferecer maior estabilidade para que 2021 não se transforme em mais um ano de múltiplos desafios.
BERLANDA
De modo geral, 2020 foi um ano muito bom para a Berlanda e o comércio como um todo, diz o presidente. “Devido à pandemia, as pessoas consumiram muito mais. Nosso e-commerce, por exemplo, cresceu acima de 100% na comparação com 2019. Foi uma peça-chave, tal como a venda por meio das plataformas digitais, o que resultou em nova visão do negócio.”
Em 2021, quando completa 30 anos, a empresa programa aumentar o investimento na ampliação de seus canais digitais, inclusive com a contratação de ferramentas que auxiliem as lojas na ponta. “Nossos clientes já conseguem fazer tudo pelo BerlanZap, então é um segmento do qual não podemos fugir. Também ampliamos o ‘compre no site e retire na loja’. Além disso, estamos estruturando, junto ao departamento de marketing, uma grande campanha de aniversário”, conta Nilso.
“Devido à pandemia, as pessoas consumiram muito mais em 2020. Nosso e-commerce cresceu acima de 100% na comparação com 2019.”
A meta da empresa para este ano é manter-se forte e estável no mercado, afirma Nilso. “Projetamos um crescimento de 10% para 2021, frente às incertezas econômicas, tanto nacionais quanto globais. Então é um desafio neste ano.”
CERTEL
O ano de 2020 foi muito desafiador, comenta o presidente, mas a Certel aproveitou para estruturar projetos relevantes, consolidar equipes e expandir lojas e canais virtuais. “Entendemos que o cenário de 2021 seguirá instável, mas nossas ações nos permitirão crescimento de vendas sustentado, em produtos e serviços, com rentabilidade. O investimento no conforto da casa e a construção civil poderão amenizar os impactos negativos da pandemia e da recessão econômica global.”
Entre as ações programadas para este ano estão a valorização das linhas com melhor custo-benefício, o foco no atendimento em lojas e no online, e a consolidação da empresa no seu núcleo de atuação, conta Erineo. “Melhorias em lojas e expansão estratégica serão combustíveis para crescermos. O e-commerce ficou mais relevante e é um aliado dos ativos das lojas físicas. Ambos crescem juntos e contribuem para sermos uma excelente opção multichannel.”
“O e-commerce ficou mais relevante e é um aliado dos ativos das lojas físicas.”
A empresa segue com muito cuidado em tudo que envolve a saúde. “Não sabemos até onde a Covid-19 vai influenciar nosso planejamento. Além disso, há aspectos macroeconômicos, políticos e tributários que são ofensores do varejo. Mas o maior desafio ainda é a formação de profissionais qualificados e sintonizados com a cultura cooperativa da Certel, nosso diferencial”, diz Erineo.
CR Diementz
A empresa promoveu uma reestruturação em 2019 e iniciou 2020 muito bem, conta o superintendente. “Tínhamos as melhores expectativas de faturamento até que veio a pandemia e, com ela, o fechamento das nossas lojas físicas, com consequente queda no faturamento. Em 2021, esperamos crescer em vendas ante os dois últimos anos, mas isso está diretamente ligado ao sucesso do plano de imunização.”
Este é um ano importante para dar sequência ao plano de reestruturação, conta Homero. “Vamos intensificar as ações na área comercial através da revisão estratégica das praças, da força de vendas e do processo de gestão para potencializar e fidelizar a base de clientes. Também ampliaremos a oferta de serviços e os canais de e-commerce e televendas. O comportamento do consumidor mudou muito rapidamente. Precisamos nos adaptar.”
“Ampliaremos a oferta de serviços e os canais de e-commerce e televendas em 2021.”
Os auxílios governamentais, tanto para as empresas quanto para o cidadão, se mostraram uma alternativa importante para amenizar a crise, diz Homero. “Mas sabemos que não são sustentáveis. A estabilidade e a retomada das vendas do varejo dependerão das medidas de controle da pandemia e do aumento da confiança do consumidor, além, é claro, da manutenção das atividades, desde que respeitados todos os protocolos de segurança.
ELETROZEMA
Em 2021, dará continuidade à expansão da rede, que foi retomada em 2020, afirma o CEO. “Após três anos sem abrir lojas, prevemos inaugurar 25 neste ano. A nossa meta de crescimento é de 15% em relação a 2020. Estamos otimistas e acreditamos que o crescimento virá com a expansão da empresa para novas regiões e o fortalecimento da operação de e-commerce.”
A Eletrozema vai entrar na Grande Belo Horizonte, no sul da Bahia e no Centro-Oeste do País, conta Romero. “O foco na integração e multicanalidade ficará mais forte neste ano com a implantação de novas ferramentas de CRM, ominichannel e televendas. Também estamos avaliando a viabilidade da estruturação do nosso próprio marketplace para ampliar o mix e aumentar a presença no digital.”
“Após três anos sem abrir lojas, prevemos inaugurar 25 neste ano. A nossa meta de crescimento é de 15% em relação a 2020.”
O e-commerce da rede, aberto em agosto de 2019, viu sua participação no faturamento subir de 1% para quase 10%, na pandemia. “Aceleramos alguns projetos importantes no digital, como a operação em outros marketplaces e a integração com as lojas físicas, para o cliente ter a mesma experiência em todos os canais. Esta é a meta. Um desafio deste ano é superar as limitações causadas pela pandemia”, diz Romero.
GRUPO MARTINS
2020 foi um ano de muito trabalho, mudanças de hábitos, quebra de paradigmas e desafios, diz o CEO. “Demandou mais gestão diária e acompanhamento de todos os indicadores, mas, ao final, foi o melhor da nossa história. Implementamos importantes mudanças: aceleramos a transformação digital, melhoramos a experiência de compras e criamos portfólio de produtos e serviços para as novas necessidades. Estamos preparados para crescer ainda mais em 2021.”
Assim, o grupo irá continuar com a transformação digital dos negócios, evoluir e expandir os canais online, ampliar as soluções para o pequeno e médio varejo e melhorar a proposta de valor aos clientes, conta Flávio. “Também vamos avançar em infraestrutura de serviços, com a melhoria contínua da operação logística, fortalecer nosso marketplace e expandir o sortimento, tanto no 1P quanto no 3P.”
“Queremos ser o hub da indústria e do mercado através do nosso marketplace.”
Com a pandemia, ações que seriam implementadas em dois anos foram antecipadas. Os clientes tiveram que se adaptar para conseguir vender com as lojas fechadas, e o Martins foi fundamental para o abastecimento, financiamento e desenvolvimento dos pequenos e médios varejistas. “Queremos ser o hub da indústria e do mercado através do nosso marketplace. Queremos ser a solução e oferecer a melhor gama de serviços financeiros e capacitação aos clientes”, diz Flávio.
LEROY MERLIN
Muitas ações que estavam no radar da empresa, desde o home office até os projetos de expansão das lojas, foram aceleradas com a pandemia, conta o diretor de marketing. “O ano de 2020 nos trouxe bons resultados, e esperamos que 2021 reforce essas estratégias que adotamos nos últimos tempos. Registramos um aumento bastante significativo de vendas em nosso e-commerce e marketplace. Vemos grandes oportunidades neste ano.”
Ainda que muitos clientes tenham adotado o hábito de comprar online por questões de segurança, a empresa considera que suas lojas ainda são extremamente relevantes no momento decisório de compra. “Por essa razão, acreditamos que os dois modelos se complementam. Entendemos que os ambientes físico e digital merecem a mesma atenção, gama de serviços e investimentos”, diz François.
“Em 2020, registramos um aumento bastante significativo de vendas em nosso e-commerce e marketplace.”
Na pauta deste ano, estão os estudos para ampliação do formato de loja Express, voltada ao consumidor de bairros no entorno, e a análise de pontos para eventual abertura de novas unidades, conta François. “Outra área que terá total foco de nossas operações é a de environmental, social and corporate governance (ESG). Desejamos não gerar mais consumo de plástico ou papelão além do que é estritamente necessário. Reciclaremos todos os resíduos gerados. O objetivo, em 2021, é reciclar pelo menos 85% desses resíduos.”
LIBERATTI
O ano de 2021 será de estabilidade na comparação com o anterior, diz o diretor-presidente. “Esperamos, em termos de vendas mercantis, que seja similar a 2020 devido à elevada demanda de produtos para a casa. A tendência é ter uma leve queda em algumas linhas, por serem de baixa taxa de recompra. Nossa estimativa é manter o mesmo faturamento do ano passado em produtos, mas crescer em serviços.”
A palavra do momento é digitalização, afirma Pedro Henrique. “A transformação digital não é uma meta, mas sim uma cultura. Creio que a pandemia acelerou o processo de digitalização para o mundo, inclusive trazendo mais clientes para os canais digitais e mantendo-os como opção de compra.”
“Nossa estimativa, em 2021, é manter o mesmo faturamento de 2020 em produtos, mas crescer em serviços.”
No planejamento de investimentos e projetos da Liberatti, estão o entendimento da tendência macroeconômica, a participação no processo de digitalização e a implantação de projetos com inteligência artificial dentro da companhia. “Esses são os objetivos e desafios para este ano e, também, para os próximos”, afirma Pedro Henrique.
LOJAS CEM
Os investimentos iniciados em 2020 terão continuidade este ano, diz o supervisor-geral. “O novo centro de distribuição, com investimento da ordem de R$ 150 milhões, ficará pronto. Continuaremos a implantação do SAP, que trará ganho de escala na nossa operação, e prevemos abrir de 12 a 15 filiais em prédios próprios, com 1.400 m². Também seguiremos com a instalação do sistema fotovoltaico nas lojas e, até o final do ano, 100 delas produzirão energia limpa.”
A pandemia fortaleceu mais ainda a nossa forma de pensar varejo, afirma José Domingos. “Estávamos preparados para enfrentar as dificuldades. Lojas Cem foi uma das poucas que puderam honrar seus compromissos em dia com todos os fornecedores. Manteve projetos e investimentos, e, mesmo com o fechamento de 80% das filiais por 70 dias, obteve resultado expressivo em 2020.”
“Prevemos abrir de 12 a 15 filiais em prédios próprios, com 1.400 m², em 2021.”
Em 2021, há dois desafios. “Enquanto a população não for imunizada, vamos viver com insegurança e possíveis lockdowns. Então o primeiro grande desafio é superar essa fase. A retomada da economia é o outro, mas acredito que será facilitada com as reformas previstas e o ajuste fiscal, o que aumentará a confiança para novos investimentos, inclusive estrangeiros, e consequente geração de empregos, fomentando o consumo”, diz José Domingos.
LOJAS LEBES
O ano de 2020 foi realmente difícil, mas foi também de aprendizado, especialmente quanto à melhoria de processos e de produtividade, diz o presidente. “Em 2021, vamos unir os desafios e as novas oportunidades do mercado. O maior desafio é recuperar as perdas de 2020 e continuar crescendo. Mas estamos preparados, com o engajamento da equipe, com a grande virada SAP, realizada em meio à pandemia, e com a retomada de um planejamento robusto.”
A empresa mantém o seu plano de expansão, que prevê a abertura de mais filiais no Rio Grande do Sul. “A ideia é ampliar o número de lojas no modelo tradicional, com um mix completo, além da Lebes Moda e da Lebes Express, novo modelo de negócio do grupo”, conta Otelmo. “São lojas de até 150 m² e menor custo, que levam o jeito Lebes de trabalhar para cidades com até 10 mil habitantes. Prevemos inaugurar cerca de 40 em 2021.”
“A empresa mantém o seu plano de expansão, que prevê a abertura de mais filiais no Rio Grande do Sul.”
Neste ano, a rede também quer aumentar o investimento na digitalização de processos, tanto no ambiente físico como no digital. Na área financeira, pretende explorar novos serviços e oportunidades, como as contas digitais para os clientes. “A pandemia reforçou a omnicanalidade, o que a Lebes já valorizava, oferecendo a mesma experiência em crédito e preço em todos os seus canais”, afirma Otelmo.
LOJAS MM
Reinventar-se foi o lema da empresa em 2020, conta o presidente Jeroslau Pauliki “Apesar das complicações causadas pela pandemia, soubemos nos adaptar e tivemos resultados comerciais acima da expectativa. Aquilo que estava programado para ser feito em cinco anos foi concretizado no espaço de três a quatro meses. Nós nos reinventamos através de novos canais de vendas digitais, e o e-commerce tornou-se um aliado da loja física.”
Este ano, o desafio é superar o resultado de 2020, mesmo sem o auxílio emergencial do governo. “Temos um planejamento estratégico orçamentário com o objetivo de crescer em vendas pelo menos 15% sobre 2020. Isso será muito desafiador, mas acredito que teremos bons resultados. Nossa meta é continuar a trajetória para o que chamamos de Projeto MM 50, isto é, pretendemos dobrar nosso faturamento até 2028”, diz Jeroslau.
“Nós nos reinventamos através de novos canais de vendas digitais, e o e-commerce tornou-se um aliado da loja física.”
Neste 2021, a empresa investe na remodelação de mais de 30 lojas e na abertura de 10 a 20 unidades de forma orgânica, adianta o presidente. “Esperamos crescimento muito forte no meio digital/e-commerce e na interação cada vez maior do conceito ominichannel. Investiremos em novas ferramentas de gestão e na capacitação e treinamento dos colaboradores, nosso maior foco. Há oito anos, estamos listados entre as melhores empresas para trabalhar no Brasil.”
NOVO MUNDO
Um ano excelente: é assim que o CEO classifica 2020. “Crescemos em produtividade e entregamos lucro líquido 10 vezes maior que em 2019, reflexo da transformação do modelo NovoMundo.com. A expectativa é mais otimista em 2021, pois mantivemos o ritmo dos investimentos, apesar da oscilação da economia e da pandemia.”
A rede manteve os investimentos e, até o final do ano, irá transformar 100% de suas mais de 140 lojas. Tem planos, também, de abrir outras 40, conta o CEO. “A meta é consolidar a marca como a mais preparada para o novo varejo, com um diferencial claro, que é a integração total dos canais de venda. É a primeira rede a derrubar a principal barreira entre o físico e o digital, que é a unificação de preços e soluções.”
“Crescemos em produtividade e entregamos lucro líquido 10 vezes maior que em 2019.”
Com plano consistente na operação e na estrutura de capital, para manter um conforto de caixa, a rede tem dois desafios em 2021. “O primeiro é aprender a conviver com o novo perfil de colaborador nas lojas e mantê-lo engajado e capacitado para a entrega de nossa visão. O segundo é comunicar o novo posicionamento e seus benefícios, criando uma conexão emocional e mais intensa com nossos consumidores. É o nosso principal objetivo”, explica o CEO.
TELHANORTE TUMELERO
Em 2021, os problemas essenciais continuarão existindo, diz o CEO. “Se nos adaptarmos e resolvermos os chamados “novos problemas”, o que inclui atender não só o cliente, mas a sociedade, meio ambiente e acionistas, que exigem de nós uma visão mais holística, vamos compreender que nosso papel é ir muito além de criar as condições para que a venda de itens ocorra. Não nos entendemos mais apenas como varejistas, mas como solucionadores de problemas reais e complexos. A perspectiva é positiva, apesar de ainda enfrentarmos uma crise política e econômica.”
No ano passado, o CEO observou que a liberação do governo para acesso aos recursos do FGTS e o auxílio emergencial contribuíram significativamente para a empresa registrar crescimento considerável no e-commerce e lojas físicas. “Acreditamos que a facilitação de acesso ao crédito e a estabilidade da inflação são pontos fundamentais para que a economia se mantenha pulsante e positiva para o setor”, diz Juliano.
“Nosso objetivo, ainda em 2021, é ampliar o número de unidades da Telhanorte Já!, as nossas lojas de bairro.”
Este ano, a empresa inaugurou o Obra Já!, braço da Saint-Gobain voltado para o modelo de negócio de atacarejo. “Nosso objetivo, ainda em 2021, é ampliar o número de unidades da Telhanorte Já!, as nossas lojas de bairro. Ainda temos como meta finalizar a modernização de algumas unidades da Tumelero no Rio Grande do Sul, além de investirmos em processos, ferramentas e capacitação da equipe.”
Fonte: Revista Eletrolar News – Edição 141