Lideranças femininas: Conquistas e desafios das mulheres no mercado de eletros
Em um universo majoritariamente masculino, a presença de mulheres em cargos de liderança no setor de eletros não pode, ainda, ser considerada alta, mas grandes avanços já ocorreram. Elas detêm conhecimento, expertise e, principalmente, agregam um novo olhar ao mercado.
por Dilnara Titara e Leda Cavalcanti
A escolha de mulheres para cargos de liderança no Brasil vem crescendo, mostra o estudo Panorama Mulheres 2023, divulgado pelo Talenses Group e o Insper. A Forbes, por sua vez, informa que, de 2019 a 2022, as mulheres no cargo de CEO passaram de 13% a 17%, índice que deve chegar a 20% em 2023. Na vice-presidência, subiram de 23%, em 2019, para 34%, em 2022. Nos conselhos, de 26% para 21%.
Outra pesquisa recente, do Datafolha, mostrou que 56% dos brasileiros querem mais mulheres em cargos de direção. Nas empresas, já é visível a mudança e por várias razões. A liderança feminina está pautada na autenticidade, na capacidade de observação do todo e na solidariedade, em que se inclui a colocação da equipe em primeiro lugar. Nesta matéria, mulheres líderes falam de seus desafios, conquistas e protagonismo.
TALITA BRUZZI TALIBERTI
Engenheira de produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Talita Bruzzi Taliberti está há pouco mais de seis anos na Amazon, onde lidera o time de Alexa no Brasil. Mas já atuou como head da Amazon Prime e gerente sênior do Kindle Direct Publishing. Também trabalhou com marketing de bens de consumo na Nestlé e na Souza Cruz.
Sobre os desafios que as mulheres enfrentam no mundo corporativo, em especial nos setores predominantemente masculinos, diz: “É comum elas se cobrarem pela perfeição e trabalharem mais para conquistar respeito e superar os vieses inconscientes que levam à errônea crença de que são inferiores. A falta de exemplos de líderes mulheres, que sirvam de inspiração, gera um sentimento de exclusão. Além disso, a carga do cuidado da casa e da família ainda recai sobre as mulheres, tornando desafiador gerenciar as demandas da vida profissional e da pessoal”.
Talita se sente privilegiada por estar na Amazon, um lugar com agenda muito ativa nos temas diversidade, equidade e inclusão. Com isso, a empresa vem conseguindo ótima representatividade feminina, inclusive nos cargos de liderança. “Aqui tenho a inspiração de diversas líderes, espaço de fala e de escuta, sou respeitada e valorizada pelas minhas competências e background. E, do lado pessoal, tenho um grande parceiro que divide as responsabilidades da casa e dos filhos, além de apoiar meu crescimento profissional.”
Durante bom tempo ela não sentiu que sofria discriminação. “Nem sempre é fácil identificar vieses inconscientes e, no início de carreira, não tinha muita consciência disso. Hoje, reconheço que precisei, inconscientemente, vestir uma armadura e criar um estilo de trabalho firme para vencer em ambientes majoritariamente masculinos. Isso teve um custo enorme, seja de maior carga mental e de horas trabalhadas para demonstrar alta performance, seja de não dar espaço para outras habilidades de liderança, como empatia ou gentileza. Após muitos anos, percebi que posso me livrar dessa armadura e dar espaço ao meu estilo de liderança mais feminino, sem receio de preconceito.”
Para ser líder, ela dá três dicas: “Ir em frente, mesmo com frio na barriga. Em geral, as meninas são educadas a buscar a perfeição, e, com isso, é normal que a mulher se sinta insegura para assumir um novo desafio. Gosto de pensar: vai com medo, mas vai. Entenda suas prioridades, busque um equilíbrio entre elas, lide com a frustração da imperfeição e aprenda a dizer não. Busque cercar-se de pessoas que te apoiem e te incentivem, seja sua família, time ou mentores, internos ou externos da empresa.”
ANA PERETTI
Com mais de 20 anos de experiência no mercado de marketing brasileiro e da América Latina, liderando times e desenhando estratégias de growth, marca, mídia e comunicação para empresas multinacionais e startups, Ana Peretti é formada em administração. Na Columbia Business School, fez especialização em liderança de negócios digitais.
Em sua opinião, um bom líder é o que conhece bem as pessoas, realiza escuta ativa e investe tempo para conhecer seu potencial e o dos outros, e entender onde pode contribuir mais, com empatia e proximidade. “Liderança, para mim, significa manter o aprendizado constante e confiar no time que está ao meu lado, para que, juntos, entreguemos o melhor resultado à empresa, de uma maneira que também gera melhorias para nós mesmos.”
Um recente estudo do Google, o Impact ESG, demonstrou que metade das marcas mais amadas do Brasil também são as de melhor reputação ESG, o que coloca a Electrolux como uma das líderes nesse ranking. “Acreditamos na diversidade como a melhor forma de pensar, produzir e agir. Porém, mais do que agir para fora, um ambiente diverso é condição fundamental de sucesso em uma empresa.”
A diversidade vai além da necessidade de as empresas serem um reflexo das sociedades em que atuam, diz Ana. A meta da Electrolux é alcançar de 40% a 60% de mulheres em cargos de liderança até 2030. Na América Latina, esse número é de 31%, sendo 33% no Brasil.
Como em vários outros setores, as mulheres e outros grupos sub-representados precisam provar ainda mais seu valor e habilidades para alcançar cargos que, historicamente, são ocupados pelo gênero masculino, diz Ana. Outro desafio é o diálogo aberto, que gera conhecimento e, mais importante, o autoconhecimento.
“Trabalhamos com um modelo de liderança 50/50, com pessoas que têm a capacidade de olhar com o mesmo peso para os negócios e para as pessoas. É preciso contar com lideranças mais empáticas, que tenham escuta ativa, abertura para aprendizado, adaptabilidade em um mundo acelerado e alta capacidade de tomar decisões, e isso pode ser encontrado em homens ou mulheres.”
BARBARA TOSCANO
Formada em publicidade e propaganda pela Universidade Federal de Pernambuco e em jornalismo pela Universidade Católica do mesmo estado, Barbara Toscano fez pós-graduação em marketing na Fundação Dom Cabral e MBA em economia e gestão empresarial na FGV. Iniciou a carreira no Recife, passou pela Telemig Celular (MG) e pela Petrobras (RJ), e há 15 anos está em São Paulo. Atuou na Claro e na LG, e há mais de três anos é diretora de marketing da Lenovo.
“De forma geral, especialmente depois que o mundo começou a trazer os temas relacionados a ESG para o centro do debate, observamos um mercado mais aberto e mais consciente sobre a participação e contribuição de mulheres em diversos campos. Vejo que nosso desafio está em apoiar e cobrar as empresas para que sejam cada vez mais diversas e inclusivas, assim como incentivar que o mercado de tecnologia seja mais atrativo e desejado por mulheres”, diz.
Oportunidade, este é o maior desafio para expandir a atuação das mulheres, afirma Barbara. “Com as empresas olhando mais para os desafios de ESG, estamos percebendo mudanças no mercado. Acredito que vieram para ficar.” Em seu último relatório de ESG, a Lenovo recebeu homenagens por ser um local de trabalho inclusivo. O objetivo é atingir a representação de 27% de executivas mulheres na sua força de trabalho global até 2025.
Liderança se conquista por exemplo e respeito, afirma. “Se você estimula uma cultura de empatia, de ouvir, conversar, debater e operar como um grande time, respeitosamente, com certeza vai inspirar pessoas a atingirem o máximo de suas performances. Como mulheres, independentemente de sermos líderes, não podemos permitir comportamentos desrespeitosos.”
Sobre diversidade e inclusão, a executiva diz que o consumidor está mais atento ao comportamento das marcas no mercado. “Quando ele entende que pessoas como ele fizeram parte do processo de construção de um produto/marca, entende que foi feito para ele também. Isso faz mais sentido quando falamos de empresas de tecnologia e inovação. Como uma empresa de tecnologia poderia inovar e melhorar a qualidade de vida para todas as pessoas por meio de seus produtos e serviços, sem ideias diversas? Isso faz com que a diversidade não seja uma escolha, mas uma necessidade das empresas de tecnologia.”
DEISE AMORIM
Formada em tecnologia, com mestrado em ciências contábeis e MBA em administração e marketing, Deise Amorim iniciou sua trajetória na área de trade marketing, na FaberCastell. Após quase sete anos, foi para a Mondial Eletrodomésticos, onde está há nove. “Aqui, encontrei o espaço e o estímulo para me consolidar profissionalmente e, mais do que isso, o incentivo diário para criar uma história de desenvolvimento e crescimento, minha e da equipe”, conta.
Os desafios que enfrenta são da profissão, explica. “Felizmente, sempre encontrei um ambiente fértil, que me permitiu a conquista de espaço. Fui motivada a crescer, a buscar soluções e a me desafiar positivamente. A visão sempre foi a de resultados, de crescimento e do que é necessário para atingir os objetivos. Aproveitei as oportunidades e pude contar com o reconhecimento da minha liderança.”
Em sua opinião, a mulher, além de flexível, é muito determinada, dedicada, engajada e com habilidade de fazer uma leitura plural do ambiente para propor soluções criativas aos problemas. “Isso tem contribuído para que conquiste cada vez mais espaço no mercado. Contribui também para atingir relevantes cargos de liderança”, diz Deise. “É importante que times e lideranças sejam diversificados para se complementarem. A expectativa das pessoas é que as empresas possibilitem a diversidade, refletindo a realidade da população.”
Para ser uma líder bem-sucedida, é preciso ter disciplina e habilidades de autogestão, afirma a gerente nacional de trade marketing. “É fundamental ter uma visão estratégica da empresa, orientar e guiar a equipe, focando no que é essencial. É importante estimular o desenvolvimento do grupo e disseminar a cultura organizacional.”
SILVIA ARASSIRO
Graduada em engenharia elétrica pela FEI e em marketing pela ESPM, Silvia Arassiro fez MBA na Fundação Dom Cabral. Iniciou a carreira na indústria de equipamentos verticais, onde atuou por 11 anos. Foi gerente de customer service na Philips Walita e na Samsung, gerente de equipamentos na divisão médica da Johnson & Johnson e diretora de serviços na Positivo Informática. Hoje, no Grupo MK (marcas Mondial, Aiwa e XZone), é diretora de pós-vendas, sendo responsável pelo atendimento aos consumidores, revendas, logística de peças e assistência técnica autorizada.
Em sua trajetória, passou por momentos de discriminação, conta. “Como iniciei minha carreira na engenharia de equipamentos pesados, tive algumas barreiras, principalmente nas atividades de operações de campo. Hoje, na empresa atual, que tem um ambiente de trabalho respeitoso, lidero de forma que as características pessoais enriqueçam as experiências e o crescimento profissional da equipe.”
Silvia acredita que a empatia seja uma característica importante na liderança feminina. “Líderes devem transmitir posições fortes, mas também manter um posicionamento acolhedor, promovendo um ambiente cooperativo. Sou uma profissional bastante focada em resultados, mas atenta às emoções e ao comportamento das pessoas”, diz.
Com atitudes, lideranças femininas obtêm êxito em segmentos predominantemente masculinos. “É importante manter boas relações interpessoais, agir com resiliência, adaptando-se a situações de mudanças e conflitos.” Para expandir o número de mulheres líderes, é preciso superar estereótipos sociais sobre comportamento feminino e focar nas competências individuais e aprendizagem contínua. “Uma líder bem-sucedida deve ter autoconsciência para evoluir e comunicação eficaz para influenciar positivamente as pessoas ao seu redor”, afirma Silvia.
Na opinião da diretora, empresas com diversidade em seu quadro profissional são mais bem avaliadas pelos consumidores. “Eles esperam que as empresas reflitam seus valores na sociedade. Uma empresa que promove um ambiente de trabalho saudável e colaborativo reflete isso no atendimento, muito valorizado pelos consumidores.”
SONAH LEE
Nascida na Coreia do Sul, Sonah Lee está há 36 anos no Brasil, onde se formou em literatura na Universidade de São Paulo (USP). Apaixonada por tecnologia e inovação, atua há mais de 25 anos na área de marketing de grandes companhias globais. Nesse período, desenvolveu um perfil dinâmico e ampla visão do mercado de tecnologia.
“Estou na LG Eletronics do Brasil há mais de oito anos, nos últimos três como head de marketing, à frente das estratégias de comunicação integrada. Minha missão é representar a marca de uma empresa comprometida com a inovação e a sustentabilidade, que desenvolve produtos de alta qualidade, que agregam valor ao dia a dia dos consumidores”, diz Sonah.
Um dos maiores desafios da liderança no setor em que atua é manter a equipe motivada e preparada para responder à demanda crescente por novidades. Por isso, é essencial pensar em estratégias macro, para que a marca seja lembrada e conquiste a preferência do consumidor. “Acredito que a mulher tem mais empatia e sensibilidade, características importantes para quem exerce cargos de liderança, ajudando a lidar melhor com pessoas, suas nuances e diferenças.”
Os consumidores têm valorizado as empresas abertas à diversidade. Culturas, histórias e hábitos diferentes, somados, geram novas ideias, o que é sempre bem-vindo e construtivo para todos. “Acredito que essa discussão precisa permear as conversas na sociedade e nas empresas, já que elas têm papel fundamental na formação de novas lideranças. Devem investir nos talentos internos e promover o protagonismo das mulheres. É essencial incentivar as meninas, desde a infância, a reconhecerem seu valor e potencial”, diz Sonah.
Uma liderança de sucesso está baseada em bons exemplos e em uma escuta ativa, exemplifica a head de marketing. “Um bom líder convida seus liderados a se engajarem no negócio, orienta para a forma correta de fazer as coisas. Precisa ser o maior motivador da equipe, incentivar o pensamento criativo, estimular a inteligência coletiva e se manter atento às novidades do mercado para aproveitar as oportunidades. Além disso, deve oferecer feedbacks justos e reconhecer o mérito das equipes que lidera.”
SIMONE CAMARGO
Engenheira com pós-graduação em administração e marketing, Simone Camargo é casada e mãe de dois filhos. Iniciou a carreira em uma grande fabricante de linha branca. Sempre muito curiosa com os projetos, após quatro anos recebeu o convite para entrar na área de marketing. Foi gerente de desenvolvimento, de produto, de marca e, hoje, é diretora de marketing, respondendo por comunicação, trade marketing e gerenciamento de produtos.
“Depois de mais de 30 anos trabalhando no mercado de eletroeletrônicos, predominantemente masculino, posso dizer que existe um preconceito inconsciente, que subestima as habilidades de mulheres líderes e impõe desafios no acesso a oportunidades de crescimento. Elas tendem a enfrentar mais dificuldades em estabelecer sua autoridade e ganhar respeito. Podem ser questionadas com mais frequência na comparação com os seus colegas masculinos. A boa notícia é que existem, cada vez mais, modelos de liderança femininos mudando esse cenário”, diz.
Para Simone, não há uma linha de corte entre liderança feminina ou masculina. “Mas enxergo na liderança feminina maior empatia com o time, maior foco em colaboração e construção de ambientes de confiança, habilidade em lidar com conflitos de maneira construtiva e buscar soluções que atendam às necessidades de todas as partes envolvidas. Na visão do negócio, as mulheres podem trazer diferentes perspectivas, baseadas em suas experiências e bagagens únicas. Normalmente, as líderes dão mais prioridade à diversidade e estão mais atentas às questões relacionadas à responsabilidade social e sustentabilidade.”
Em sua opinião, para expandir a atuação de mulheres em cargos de confiança, é preciso gerar mais oportunidades, promover a diversidade de forma ativa e ajudar a conquistar um equilíbrio entre vida pessoal e profissional, para que temas como licença-maternidade e flexibilidade no local de trabalho deixem de ser críticos. E como ser bem-sucedida? “É fundamental acreditar em si mesma, ter autoconfiança e resiliência, reconhecer que o crescimento exige esforço contínuo e estar disposta a aprender com as experiências, sejam elas positivas ou negativas.”
KARIN SCHÖNER
Começou a carreira como trainee da Bayer na área de administração e logo tornou-se encarregada do departamento de suprimentos, hoje classificado como logística, apaixonando-se pelo setor. Mudou para a logística da Lufthansa Cargo e participou do processo de aliança de grandes empresas aéreas, caso da Star Airlines. Constatou então, na década de 1990, a importância da diversidade devido às diferentes visões das pessoas vindas de países distintos.
A diversidade de cultura foi o primeiro grande choque, diz Karin. “Vi como o mundo pode ser quando temos diversas pessoas trabalhando juntas e com pontos de vista diversos. Após um tempo, mudei de empresa, fui para os Estados Unidos, vivenciei o 11 de setembro, aprendi com as mudanças no setor logístico em razão do atentado e do quão rápido o mundo muda e as decisões também precisam ser rápidas.”
Interessada em resiliência, participou de um treinamento do exército americano. “Foi um dos melhores treinamentos que tive na vida, aprendi a aperfeiçoar a cabeça antes de realmente executar”, conta. Na pandemia, viu o quanto são importantes as decisões rápidas e com um viés diferente, o de ouvir e engajar o time em um momento delicado, em que era preciso escutar e ser motivadora. Há um ano e dois meses está na Maersk e tem um novo paradigma: aprender, ser curiosa, criativa, trazer energia e ouvir as pessoas.
Para Karin, ser autêntica é o mais importante em uma liderança. “As pessoas acham que precisam entrar em um estereótipo. A característica mais marcante da liderança feminina é a autenticidade, que traz junto a curiosidade, a criatividade, o olhar para a equipe e o entendimento dos momentos. Mesmo quando enfrentamos novos rumos, como agora na Maersk – que, de companhia marítima está se tornando um integrador logístico –, conseguir engajar o lado motivador que a mulher tem é o diferencial.”
Na sua opinião, existe preconceito em entender que cada pessoa é diferente. Um líder bem-sucedido tem que compreender as diferenças, os nervos da empresa e as pessoas, fazendo com que tragam um pouco da sua história e visão de mundo. Hoje, cada consumidor é único, procura por diversidade e por quem entende sua necessidade.”
CRISTIANE CLAUSEN
No ano 2000, Cristiane Clausen começou sua trajetória na empresa como supervisora de importação. Com o passar do tempo, tornou-se gerente e depois diretora-executiva, consequentemente teve a oportunidade de transitar por todos os departamentos. Com visão geral e estratégica da empresa, assumiu a diretoria-geral. “Tenho como premissa fazer sempre o melhor e manter um time engajado e motivado”, conta.
“Os desafios sempre vão existir no ambiente de trabalho, sejam eles de relacionamento, de ações de inovação e de estratégias, entre outros, mas o que importa e o que deve falar mais alto é a competência. Independentemente de rótulos, é preciso ter uma postura, qualificação, entendimento da empresa, da equipe e, principalmente, humildade para exercer um cargo de liderança”, diz Cristiane.
Dentre as características mais marcantes de uma liderança feminina, está o olhar sensível para todas as situações. “Isso não quer dizer que somos frágeis. Inclusive, as mulheres não devem carregar esse rótulo, elas têm características próprias e sabem o ideal para o time que estão liderando. O diferencial está na personalidade e na forma de conduzir os direcionamentos da empresa e o relacionamento com sua equipe”, diz Cristiane.
Um fator muito desafiador, segundo a executiva, é que algumas mulheres sofrem pressão para conseguir manter seus empregos e cuidar da casa e dos filhos. Muitas empresas ainda têm preconceito e desvalorizam o potencial da mulher, mas essa situação está mudando. “Na Britânia, temos 44% de mulheres em cargos de liderança na área administrativa e 36% em todo o quadro.”
A empresa também preza um quadro de colaboradores diverso, pois permite novos olhares e pontos de vista que deixam o dia a dia mais humano e mais real para o trabalho em equipe, diz Cristiane. “Para uma liderança bem-sucedida, o principal é trabalhar com dedicação e se entregar por um propósito profissional. É muito importante, também, acreditar que é capaz e correr atrás dos sonhos”, diz a diretora-geral.
CAROLINE RAIMUNDO
Iniciou a carreira há mais de duas décadas e, há 13 anos, está no setor de tecnologia. “Minha jornada profissional até chegar à posição atual é de bastante vivência e desafios. Desde que entrei na Acer, adquiri conhecimentos essenciais sobre o mercado e suas dinâmicas. Trabalhei para aprimorar minhas habilidades, avançando em cargos de gerência e direção. No último ano, recebi a responsabilidade de liderar o mercado latino-americano, além do Brasil”, conta.
Em uma área predominantemente masculina, como a de tecnologia, a mulher é confrontada com desafios singulares, mas já conquistou grandes avanços, diz. “Ainda nos deparamos com estereótipos arraigados e desafios culturais. Acredito, firmemente, que a diversidade de perspectivas trazidas pelas mulheres constitui um ativo valioso para qualquer empresa, especialmente em um setor em constante evolução, no qual a inovação e a criatividade são fundamentais.”
A Acer foi incluída na lista das “Melhores Empresas Amigas da Mulher no Mundo”, da Forbes, em 2022. No ano, as mulheres representavam 38% da força de trabalho total, com 31% em cargos gerenciais. “Um ambiente diverso contribui para o sucesso das empresas, não só pela questão do equilíbrio entre diferentes modos de pensar, como por ter representantes de todas as raças, gêneros e etnias. Precisamos de diferentes pessoas em cargos de liderança”, diz a executiva.
As características da mulher líder englobam empatia, colaboração, pensamento estratégico e habilidades eficazes de comunicação. “Elas tendem a trazer uma abordagem multifacetada dos desafios, consideram diferentes pontos de vista, e buscam soluções inovadoras”, explica. O relatório The Ready-Now Leaders, da Ong Conference Board, mostra que empresas com pelo menos 30% de mulheres em cargos de liderança têm 12 vezes mais chance de estar entre as 20% melhores em desempenho financeiro.
Uma líder bem-sucedida é formada pela busca constante de oportunidades de aprendizado e desenvolvimento, tanto no aspecto técnico quanto no aprimoramento das habilidades, bem como pela construção de relacionamentos sólidos e uma rede de apoio. “É preciso ser autêntica e resiliente, estar disposta a enfrentar desafios e a superar obstáculos”, destaca a diretora de marketing.
Fonte: Revista Eletrolar News – Edição #155