Aparelhos smart wireless e conectividade ganham relevância em 2023
Consumo / Expectativas / Balanço
O cenário do mercado vai passar por modificações com a retomada das atividades externas. As inovações nos equipamentos, por exemplo, deverão ser claramente visíveis e tão importantes quanto elas – ou até mais – , são as ações ESG das marcas com relação aos seus produtos, diz Fernando Baialuna, diretor de varejo e head da GfK Consult para a América Latina nesta entrevista sobre tendências para o ano.
por Leda Cavalcanti
Quais as principais tendências em eletroeletrônicos para 2023?
Fernando Baialuna – Não podemos focar apenas em 2023, mas também nos próximos anos. Essa visão para o futuro, inclusive, estava presente em tudo que foi apresentado na CES deste ano. Com isso, o importante é observar que agora, com a retomada das atividades, na vida pós-pandêmica, há necessidade das inovações serem visíveis no geral dos produtos e nos eletroeletrônicos.
Os aparelhos smart, wireless e a conectividade sem limites ganham relevância em 2023, mas não tanto quanto as ações ESG das marcas com relação aos seus produtos. Todo e qualquer produto precisa ter um valor no processo de produção. Ou seja, tem que conter elementos ESG na cadeia. Como, por exemplo, os smartphones produzidos com material reciclado, até outras questões como o consumo de energia limpa.
A sustentabilidade é um elemento fundamental e claramente fica cada dia mais relevante para os consumidores em função da Geração Z. Em cinco anos, ela será a geração com o maior poder de compra no mundo.
Em importância, qual é outra tendência?
FB – Outra tendência importante é o metaverso, que deve ganhar relevância em dois ou três anos, mas o fato é que o digital já é uma realidade, tornando as experiências mais valorosas e melhores. Então, a questão aqui passa pela realidade virtual, onde acontece a melhoria da qualidade da experiência do cliente no mundo físico por meio da RV.
Vale também falar sobre a realidade aumentada: um ambiente físico onde a digitalização vai proporcionar melhor qualidade para os consumidores, uma vez que a experiência se torna mais completa ao misturar os ambientes físico e digital.
Quais as tendências de cada categoria?
FB – Em termos de categorias, diria que estamos, em curto prazo, enfrentando uma condição econômica difícil, sobretudo os mais pobres. E eu volto a falar de um tema que é fundamental para enfrentar o ano de 2023: os dois Brasis – um com maior poder de compra e outro com menor. Como eu estimulo a demanda para as classes mais baixas e como premiunizo, sobretudo, os mais ricos?
Claramente, com todos os elementos que temos, podemos dizer que os mais ricos buscarão a premiunização de maneira continua, enquanto os mais pobres irão em busca da praticidade e saudabilidade, que também implicam nesses elementos, mas com um olhar mais voltado para o custo-benefício, que chamamos de affordable premium, para eletroportáteis, com uma recuperação leve de smatphones e demais produtos intermediários.
No setor de eletros, quais são os maiores desafios de 2023?
FB – Acho que para televisores será um ano mais difícil porque o pico de vendas ocorreu em 2022, por conta da Copa do Mundo, trazendo um ponto de observação durante todo o ano para essas categorias, como possíveis apostas de ofertas. Por exemplo, no Dia das Mães, que será o primeiro após a retomada absoluta do comercio físico e com a experiencia completamente integrada entre o físico e digital. O desafio do varejo, nesses casos, é transformar a loja física, que é o grande conversor de vendas para a data, em um ambiente com melhor experiência para o consumidor, potencializada pelo digital.
E os produtos para o lar, que incluem eletroportáteis e linha branca?
FB – O ano de 2022 foi bem difícil, enfrentamos uma redução importante no poder de compra dos mais pobres – classes C e D – e isso claramente influenciou nos resultados. Mas, precisamos citar neste cenário a história do pêndulo: tivemos um período muito atípico na pandemia que colocou um hiperfoco na necessidade de equipar o lar, deixar a casa estruturada, e isso favoreceu algumas categorias. Uma das mais favorecidas foi a eletroeletrônicos, se é que não foi a maior.
Agora, com a retomada do social, uma crise de consumo pode ocorrer entre os mais pobres. Temos um desafio muito grande para o setor por conta do valor agregado dos produtos de maior valor. Estamos falando de uma situação em que o desejo existe em todas as classes sociais. Mas, nas lasses C e D há uma dificuldade muito grande em consumir porque elas não têm o poder de compra e a facilidade do parcelamento por conta da crise no curto prazo e das altas taxas de juros.
Quais os produtos que tiveram melhor performance em 2022?
FB – O ano de 2022 foi muito favorável à categoria de televisores por causa da Copa do Mundo. Algumas categorias também cresceram por conta da retomada das atividades externas. É o caso de pranchas e modeladores de cabelo. Tiveram um crescimento pequeno, mas é algo que mostra a volta ao social.
Também cresceu a categoria de air fryers e deve continuar nessa trajetória. Apesar do produto ser relativamente novo, o mercado já está inovando com a combinação com forno e uma série de extensões de linha, que tem apelo no que diz respeito à saudabilidade e à praticidade, dois fatores que impulsionam a categoria. Ela também agrega uma série de valores que a Geração Z priorizará nos próximos anos.
Smartphone teve um ano mais difícil. O consumidor médio brasileiro priorizou a compra de televisores, mas 2023 caminha para ser um ano melhor. As marcas devem trabalhar melhor as segmentações do que é premium e o que affordable premium.
Em 2022, os MDAs (major domestic aplliance), linha branca, sofreram bastante. Houve, apeas, uma premiunização de nicho em itens como adegas e chopeiras. ficando apenas uma premiunização de nicho, itens de menor importância para o segmento como adegas e chopeiras.
Os segmentos de informática e TI também tiveram um ano difícil. Precisamos lembrar que o setor de notebooks teve um bom rendimento e muito importante nos primeiros dois anos da pandemia, portanto, é novamente a história do pêndulo, vai para um extremo e volta.
Fonte: Revista Eletrolar News – Edição #153