ENERGIA SOLAR: alternativa renovável e limpa – desafios e benefícios.
por Dilnara Titara
O mercado de energia solar no Brasil, atualmente, corresponde a 1,7% de toda a matriz energética do País, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). Em 2019, o mercado de energia solar no Brasil cresceu acima de 212% e, segundo a ANEEL, foram instalados mais de 110 mil sistemas fotovoltaicos de mini e microgeração. “Nos últimos 10 anos, tem se popularizado a energia solar, especialmente porque seu custo vem caindo de forma acelerada, e o mercado brasileiro mostra crescente interesse na sua utilização”, diz Guilherme Susteras,coordenador do grupo de trabalho de geração distribuída (GTGD) da ABSOLAR.
No ano de 2012, foi feita no Brasil a primeira regulamentação para energia solar. “Atualmente, temos 7 GW de capacidade instalada, o equivalente à metade do que produz a usina de Itaipu. Essa energia atende mais de 415 mil unidades consumidoras por todo o País. Em 2017, o Brasil ocupava a 26ª posição no ranking mundial de potência instalada e, em dois anos, saltou para o 16º lugar”, conta André Pereira, diretor da EDP Smart.
Essa fonte de energia está ganhando bastante espaço no Brasil por diversos fatores, e o País abre as portas para esse mercado por sua elevada irradiação solar e extensão territorial. “A energia solar fotovoltaica se tornou uma das mais competitivas do mercado mundial na comparação com todas as outras formas de geração de energia, podendo trazer uma economia de 50% a 95% nos gastos”, afirma Javier Reclusa, CEO da STI Norland Brasil.
Apesar de o Brasil não explorar a energia solar em todo o seu potencial, a geração de energia fotovoltaica cresceu 21,7% no primeiro trimestre de 2020 na comparação com o mesmo período do ano anterior, informa a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). “Os dados são animadores, mas é preciso que essa energia seja mais explorada. Seu potencial é enorme em um país tropical como o Brasil”, ressalta Márcio Osli, gerente da unidade de energia da Intelbras.
Funcionamento
A energia solar funciona a partir da captação da luz do sol pelos painéis solares, que empregam o calor dos raios para gerar energia elétrica através do sistema fotoquímico (fotovoltaico) e do sistema de energia heliotérmica. A energia solar térmica funciona por meio do aquecimento de líquidos. Cada sistema atua de uma forma diferente. No sistema fotovoltaico, a tecnologia não utiliza o calor, mas a incidência da luz é que faz as placas produzirem a energia. É por isso que os painéis solares funcionam também em dias nublados e chuvosos, uma vez que dependem de incidência dos raios ultravioleta e não do calor.
Para a geração de energia, é necessário um conjunto de equipamentos básicos, que levam o nome de kits fotovoltaicos. São placas ou módulos fotovoltaicos, que recebem a irradiação solar, ligados a estruturas fixas ou trackers, que dão suporte aos painéis e fazem a sua movimentação de acordo com a posição do Sol para gerar mais energia. Cabos, conectores e o inversor, que converte as características técnicas de tensão, corrente e frequência, precisam ser compatíveis com a rede elétrica presente no local da instalação.
Apesar de o Brasil não explorar a energia solar em todo o seu potencial, a geração de energia fotovoltaica cresceu 21,7% no primeiro trimestre de 2020 na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Na instalação, são necessários o auxílio e a avaliação de um profissional especializado. Ele pode estimar a média de insolação da região onde será feita a instalação para absorver a máxima capacidade energética, mesmo em dias chuvosos e nublados. O projeto é desenvolvido para atender à necessidade de consumo dentro de um ano, e qualquer estabelecimento pode optar por essa tecnologia.
Em período de insolação, quando as placas absorvem quantidade maior de energia, o excedente é injetado na rede em forma de créditos que serão usados durante a noite ou em épocas de menor produção de energia. “Os créditos também podem ser aproveitados por residências, comércios, indústrias, propriedades rurais, escolas, supermercados através do sistema de compensação de energia elétrica, conforme estabelecido na REN 482/2012”, explica André.
As placas solares são opções para residências e construções em áreas isoladas, fora da rede elétrica, através do sistema off-grid, que se vale do auxílio de baterias para armazenar a energia captada pelas placas, garantindo alimentação mesmo em dias com menos insolação ou à noite. Além das soluções para os diversos tipos de construções, existem as usinas solares, construções em larga escala que podem atender grandes redes de comércio, condomínios e empresas. Também podem ser vendidas ao governo para abastecimento geral.
O varejo nacional já dispõe de equipamentos para gerar esse tipo de energia, que podem ser encontrados em lojas físicas especializadas ou no e-commerce. É necessário, porém, o auxílio de um profissional da área, não apenas para a instalação, mas para a escolha exata diante da necessidade do cliente. “Desde o início das vendas na categoria de energia solar em 2015, a Aldo vende direto para o varejo. É possível fazer a compra como qualquer produto eletroeletrônico”, diz Aldo Pereira, CEO da Aldo.
Uma das principais vantagens de utilizar energia solar é a alta durabilidade e a baixa necessidade de manutenção regular. Os módulos fotovoltaicos possuem garantia média dos fabricantes de 25 anos e podem funcionar por 30 anos ou mais. A manutenção varia de acordo com as características da instalação e, na média, é preciso fazer a limpeza das placas anualmente ou a cada seis meses, dependendo da região, para que a luz solar incida nas células do módulo.
Benefícios
A energia solar fotovoltaica traz muitos benefícios ambientais. Provém de uma fonte inesgotável, que é o Sol. Não é necessário extrair recursos da natureza, e sua geração ajuda a combater as emissões de gases do efeito estufa e a reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. Além disso, sua instalação é simples e não causa danos.
Há, também, previsibilidade dos custos com a energia e economia de dinheiro, além da valorização do imóvel, diz Lucas Veroneze, engenheiro da BedinSat. “O investimento traz um retorno no curto e médio prazo, e possibilita zerar a conta de energia junto à concessionária, restando apenas as taxas fixas do sistema.”
Sua performance dura cerca de 25 anos ou mais, e após esse período continua funcionando, mas produzindo 20% menos energia. Sua vida útil pode chegar a 50 anos. “A energia fotovoltaica também contribui para a diminuição da poluição sonora. Seu funcionamento é silencioso, utiliza matéria-prima renovável, limpa, inesgotável e gratuita, que é a luminosidade do Sol”, destaca Márcio Osli, gerente da unidade de energia da Intelbras.
Perspectivas
A penetração dessa energia no Brasil ainda é muito baixa. “O maior entrave para o crescimento dos sistemas fotovoltaicos no País se deve à questão de educação financeira da população, que ainda não entende a economia do sistema fotovoltaico como um investimento”, diz Rafael Xavier, gerente comercial de solar da Elsys.
Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou, em regime de urgência, um projeto de lei que garante benefícios aos consumidores que utilizarem sistemas de geração distribuída (GD) de energia, o que envolve a instalação de placas solares em casas, comércios ou em terrenos. O projeto prevê que consumidores com sistemas de GD terão 100% de descontos em encargos e tarifas.
Essa transição para fontes mais limpas de energia faz com que haja expectativa de que essa matriz energética cresça ainda mais nos próximos anos. Javier acredita que ela possa se tornar a principal fonte dentro de alguns anos.
As perspectivas são de grande avanço desse mercado, diz Adalberto Maluf, diretor de marketing e sustentabilidade da BYD. “Atualmente, a tecnologia solar ganhou espaço, pois alcançou valores acessíveis. A adesão vem crescendo a cada ano no mercado brasileiro, com projeções de expansão entre 180% a 200%.”
Segundo dados do Ministério de Minas e Energia (MME), para 2021, as fontes renováveis devem movimentar cerca de R$ 16 bilhões em investimentos, e as projeções para 2024, apontam para cerca de R$ 70 bilhões. “Acredito que esse tipo de energia deverá crescer no mínimo três dígitos nos próximos dez anos”, comenta Aldo.
Através de uma análise setorial realizada pela Datacompass (plataforma de inteligência de mercado), a variação no volume e no investimento em importações no mercado de energia solar alcançou números bem significativos durante o ano de 2019 até setembro de 2020, com quedas apenas durante a pandemia.
Fonte: Revista Eletrolar News ed. 140