VIA VAREJO: a transformação deu certo
A Via Varejo iniciou 2020 com muitos planos e os resultados foram além do previsto. No último trimestre, obteve lucro líquido de R$ 65 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 162 milhões do mesmo período de 2019, fruto do trabalho de uma equipe afinada. Na diretoria executiva estão Roberto Fulcherberguer, CEO, Abel Ornelas, COO, Orivaldo Padilha, CFO, Sérgio Leme, CAO, e Helisson Lemos, CDO, que, neste primeiro ano de gestão, fizeram a empresa crescer de 34% para 80% em representatividade no e-commerce. O número de usuários subiu de oito para 15,5 milhões em seus aplicativos e a equipe de tecnologia ampliou o quadro de 900 para 1.400 profissionais. Os novos projetos e os desafios do varejo estão nesta entrevista exclusiva de Roberto e Abel para a próxima edição da revista Eletrolar News. Aqui, o leitor acompanha alguns trechos da matéria.
Como a empresa avalia o seu desenvolvimento nos últimos anos?
Roberto Fulcherberguer – A nova direção assumiu a companhia em junho de 2019. Naquele momento, voltávamos a ser uma corporação independente, voltada exclusivamente para as nossas marcas. Chegamos sabendo da necessidade de fazer o maior turnaround já visto no varejo brasileiro. Precisávamos, muito rapidamente, voltar a fazer varejo; fazer esse varejo com excelência e preparar a nossa companhia para ir além do varejo. Sabíamos que tínhamos em nossas mãos uma força enorme e uma responsabilidade do tamanho dessa força: uma base de 85 milhões de clientes. Tendo cada um desses 85 milhões de consumidores como meta e como razão de existir, começamos nossa jornada. Uma transformação que busca atender o consumidor onde ele quiser e como quiser, na loja, no celular ou em aplicativos. É uma jornada de digitalização, de inovação.
Agora, um ano depois, podemos dizer que somos uma companhia digital, totalmente focada no cliente. No último trimestre, registramos lucro líquido de 65 milhões, revertendo um prejuízo de R$ 162 milhões no mesmo período de 2019. Além disso, ao longo deste primeiro ano, passamos de 34% para 80% em representatividade no e-commerce, crescemos de 8 para 15,5 milhões de usuários em nossos aplicativos e a equipe de tecnologia aumentou de 900 para 1.400 pessoas.
Hoje, a Via Varejo está presente em mais de 400 municípios brasileiros, 20 estados e no Distrito Federal, com cerca de 1.000 lojas físicas, 26 centros de distribuição e entrepostos – que equivalem a 138 campos de futebol – e aproximadamente 41 mil colaboradores em todo o país. O Ponto Frio tem 216 lojas nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. A Casas Bahia possui 857 lojas em 20 estados e Distrito Federal.
Como é administrar um negócio de tal porte em diferentes regiões e culturas do País?
Abel Ornelas – Nós cuidamos da marca mais querida do varejo brasileiro, que é Casas Bahia. É a marca que inventou o crédito como a gente conhece hoje e que tem uma das histórias mais inclusivas e acolhedoras do varejo brasileiro. Recentemente, mudamos o posicionamento de Casas Bahia para refletir o movimento da companhia e traduzir também toda essa inclusão e acolhimento. E ficou perfeito. Nossa casa é o Brasil, diz para nossos públicos exatamente o que somos. É a marca que recebe todos de forma calorosa e simpática. É a marca que crédito para o brasileiro e vai continuar criando soluções para que todos possam consumir.
Tanto com Casas Bahia, como com Pontofrio, trabalhamos para atender todas as necessidades de nossos consumidores, nas regiões que atuamos, de forma a manter a confiança em nossas marcas e aumentar nossos padrões de qualidade. Hoje, nosso maior mercado está na região Sudeste, entretanto, estamos expandindo nossos negócios e anunciando a abertura de novas unidades e centros de distribuição na região Norte e no Centro-Oeste do País. Além de promover nossos serviços, esse movimento já está gerando novas oportunidades de emprego nos estados que compõem as regiões.
“Nós cuidamos da marca mais querida do varejo brasileiro, que é Casas Bahia. ”
Abel Ornelas, COO
Quais ações e estratégias fazem o diferencial da Via Varejo?
RF – Temos fortalezas que são difíceis de alcançar. Além de uma base gigantesca de clientes, temos a maior malha logística do Brasil. Temos, também, lojas excelentemente localizadas e com tamanhos perfeitos para funcionar como hubs de entrega. E, claro, nos diferenciamos da concorrência em serviço e atendimento. Hoje, vender é uma experiência longa, que começa no momento em que o cliente nos acessa, ou que nós acessamos o cliente, e vai até a entrega. O objetivo e dar valor a essa experiência em cada ponto da jornada. Na loja ou no site, na entrega, no oferecimento de serviços e de facilidades de pagamento. Por sermos uma empresa omnichannel, concentramos soluções e ferramentas que promovem qualidade em todas as etapas de aquisição. Os clientes podem comprar pelo site e aplicativo, não pagar o frete e retirar na loja, ou se optarem, contar com uma entrega rápida e competitiva, por exemplo.
“Temos fortalezas que são difíceis de alcançar.”
Roberto Fulcherberguer, CEO
Daqui para a frente, como será a trajetória do varejo? Qual área receberá os maiores recursos?
RF – O varejo será cada vez mais digital. Os consumidores estão cada vez mais familiarizados com o online e o cenário de distanciamento social, ocasionado pela pandemia, acelerou este processo, até para os mais tradicionais.
Poderia dizer que o que mudou foi a tecnologia. Não a tecnologia como algo apartado e inatingível dentro das empresas. Mas a tecnologia como parte do negócio, como um facilitador de todos os processos para os clientes e colaboradores. Hoje, todo o nosso negócio é tecnologia e toda a tecnologia está integrada ao nosso negócio. Ela só é importante se facilita a vida dos clientes e faz com que a gente consiga dedicar mais tempo para realizar seus sonhos. A grande mudança no varejo é a transferência de poder para o consumidor. Ele decide o jogo. Compra como quer, se relaciona onde quer, paga da maneira que quer. Temos que conhecer cada vez mais esse cliente e usar a tecnologia, que provê esse conhecimento, para atendê-lo de forma mais próxima, mais humana. A tecnologia vai nos dar condições de tratar nossos 85 milhões de clientes como seu Samuel Klein, nosso fundador, tratava os fregueses dele na nossa loja número um, em São Caetano: pelo nome, conhecendo cada compra, os gostos e as necessidades desse cliente.
FONTE: REVISTA ELETROLAR NEWS 138 / ELETROLAR.COM