ESPECIAL PRESIDENTES ENTREVISTAS – SERVIÇOS
Por Leda Cavalcanti e Dilnara Titara
Mais uma vez, as empresas do Brasil pedem a tão falada e debatida reforma tributária, a estabilidade política, a redução dos impostos e a segurança jurídica como a forma mais eficaz de atrair investimentos. É quase um mantra que se repete a cada ano. Confiamos que valha a imagem do provérbio “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, uma alusão ao fato de que a tenacidade é capaz de vencer todas as dificuldades. Esperamos que sim.
Os apelos das empresas são os mesmos dos últimos anos e continuam sem resposta definitiva. É preciso reconhecer que os últimos tempos não foram fáceis devido à covid-19, cujos reflexos atingiram países do mundo todo, com sérias consequências. Um dos problemas mais graves para o segmento de eletros foi a falta de insumos, que provocou prejuízos muito grandes na produção. além da alta do preço do frete internacional. Outro foi a desvalorização do real frente ao dólar.
Inflação e juros subiram, e o poder de compra do brasileiro caiu, afetando o consumo. A mentalidade inflacionária parece voltar com força quando o País acreditava que ela estava liquidada. Em 2022, a previsão de crescimento do Brasil é de 0,8% a 1,9%, enquanto nos países emergentes chega a 5,1%, conforme especialistas e o Fundo Monetário Internacional (FMI). As empresas não pedem milagres, mas sim que se olhe para o País com mais seriedade.
É preciso melhorar os índices econômicos, bem como a educação e a formação de mão de obra. É preciso, também, dar um freio na alta taxa de desemprego e na queda da renda. As empresas se mostram prontas a colaborar, mas os problemas básicos citados acima exigem uma solução. O Brasil não pode caminhar com intermináveis debates. É hora de conclusões, de menos polarização na política e de mais bom senso na tomada de decisões.
EUROPE ASSISTANCE BRASIL
Tem expectativas positivas, mas, ao mesmo tempo, está cautelosa devido à alta inflação e às dificuldades que prestadores de serviços enfrentam por causa da pandemia, diz o CEO Newton Queiroz. ”O momento, porém, é favorável para a divulgação e para o aumento da compra de produtos/serviços ligados à proteção, nosso ramo de atuação. Importante destacar o nosso investimento para melhorar a experiência do cliente em todos os canais.”
Seu primeiro foco, em 2022, é esclarecer que trabalha com proteção emergencial, preventiva ou programada, conta o CEO. “Estamos nos posicionando com eventos e preparando road-shows regionais com parceiros e grupos varejistas interessados em conhecer nossas soluções. Também estamos desenvolvendo soluções tecnológicas, como o portal aos parceiros, para entregar a jornada completa de oferta, venda, cobrança e prestação de serviço.”
“O momento é favorável para a divulgação e para o aumento da compra de produtos/serviços ligados à proteção, nosso ramo de atuação.”
O mercado de assistência mudou com a pandemia e exigiu investimentos em digitalização, diz Newton. “É latente a necessidade de diversificar a gama de produtos e os canais de distribuição. As regras do passado, como vender um só produto como carro-chefe e focar em uma grande indústria, não funcionam mais. Quem não buscar a versatilidade terá consequências significativas. O varejo tem papel fundamental na inclusão de grande parte dos brasileiros que não têm acesso à proteção de seus veículos e casas, à saúde e ao bem-estar. É, sem dúvida, o canal mais democrático do Brasil.”
GfK
Este será um ano desafiador para os eletroeletrônicos, pois o crescimento impulsionado pelo consumidor em 2020 e 2021 terá que ser estimulado pelas indústrias e varejos, diz Felipe Mendes, general manager LatAm da GfK. “Para tal, haverá necessidade de mais informação, que permita uma aplicação cirúrgica dos escassos recursos, privilegiando categorias, marcas ou até faixas de preço que tragam maior retorno. Vamos seguir apoiando os decisores com geração de conhecimento na maior velocidade possível e acredito que, se fizermos isso, teremos uma receita ligeiramente superior a 2021.”
A busca de informação está em alta. “A informação preditiva, baseada em inteligência artificial aplicada sobre bases de dados de alta qualidade, tem potencial para crescer fortemente nos próximos três anos. A GfK é a fonte oficial de sell out em mais de 80 países e, desde 2021, atua com análises preditivas, identificando elasticidades de preço, produtos que respondem melhor a promoções e a força real das marcas para cobrar um preço superior. Com essa plataforma, chamada gfknewron, queremos apoiar o desenvolvimento do mercado em 2022”, conta Felipe.
“A informação preditiva, baseada em inteligência artificial aplicada sobre bases de dados de alta qualidade, tem potencial para crescer fortemente nos próximos três anos.”
Para o setor, o controle da inflação e dos juros é fundamental, bem como o crescimento da renda e dos índices de confiança do consumidor, afirma Felipe. “Infelizmente, não há uma bala de prata, mas sim um trabalho duro de se implementar em ano eleitoral. Acredito mais em ações microeconômicas (empresas) que macroeconômicas (governo) em 2022.”
NEOGRID
Espera crescimento em 2022, diz Robson Munhoz, chief customer sucess officer. “Isso será resultado do investimento em tecnologia para melhorias de plataforma e novas soluções, reestruturação da estratégia comercial e aquisição de novos clientes, inclusive em outros segmentos. Destaca-se, ainda, a estratégia de crescimento inorgânico com M&A de empresas em crescimento acelerado.”
O ecossistema B2B, integrando varejo e indústria, no qual a empresa atua, enfrenta um cenário desafiador, motivado principalmente pela inflação e escassez de produtos, comenta Robson. “Observamos o mercado e formatamos nossos modelos de oferta para atender e ajudar os clientes. Em momentos desafiadores, a tecnologia se apresenta como uma solução para suportar a tomada de decisão.”
“Em momentos desafiadores, a tecnologia se apresenta como uma solução para suportar a tomada de decisão.”
Neste ano, a empresa está focada na execução de seu plano de crescimento orgânico por meio de exploração da base de clientes, aquisição de novos e expansão para novos segmentos, bem como o desenvolvimento de novas soluções para gerar receitas. “Volta-se, também, para a expansão da atividade internacional e aquisição de empresas para crescimento inorgânico”, afirma Robson.
PROSEGUR CASH BRASIL
O mercado brasileiro tem retomado aos poucos os números pré-pandemia, mas ainda há um longo caminho a percorrer, diz Sérgio França, diretor comercial e de estratégia da Prosegur Cash. “Para 2022, esperamos uma recuperação mais estruturada no setor, com estabilização de comportamento por parte do consumidor. Indústria e varejo devem estar mais ajustados com a recuperação de níveis de produção e provável distribuição de insumos que estavam faltantes em 2021. Nossa expectativa para este ano é bastante otimista.”
A companhia seguirá ampliando seu portfólio para se adaptar às mudanças relacionadas ao uso do papel-moeda. “Temos soluções voltadas a empresas de todos os portes e setores, inclusive o industrial. Até 2023, o grupo investirá 94 milhões de euros em seu programa global de transformação digital para acelerar a diversificação de produtos e negócios nos 26 países onde atua”, conta Sérgio.
“O principal desafio no País é fazer com que a operação tenha o menor risco, seja na logística de valores ou de cargas de alto valor agregado.”
Nos próximos anos, fará adaptação às demandas do mercado, diz o diretor. “Continuaremos a investir na logística de cargas especiais, com destaque para eletroeletrônicos. O principal desafio no País é fazer com que a operação tenha o menor risco, seja na logística de valores ou de cargas de alto valor agregado. Para mitigar os riscos, embarcamos a tecnologia e a inteligência que temos nos carros-fortes dentro dos caminhões de transporte de cargas especiais.”
BANCO SEMEAR
O único banco mineiro especialista no varejo de eletromóveis está em expansão, diz o presidente Roberto Azevedo. “Este ano, a expectativa é crescer 50% em pontos de atendimento no País, passando de 2.000 para 3.000, principalmente nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste.”
A demanda motiva a conquista de novos mercados. “Entre o último quadrimestre de 2020 e o primeiro de 2021, o volume de financiamentos cresceu 34%. O número de redes atendidas triplicou, de 14 para 47. Estamos em 580 cidades e em 21 estados”, conta Roberto.
“Este ano, a expectativa é crescer 50% em pontos de atendimento.”
Para o presidente, há espaço para a expansão. “O varejista está mais preparado e adaptado às novas formas de atendimento. “Financiamos a operação do varejo de móveis e eletrodomésticos com o foco nas classes D e E, que precisam de fôlego financeiro.”
CORE-SP
Está com expectativas otimistas, pois, mesmo na pandemia, vários segmentos do mercado ficaram aquecidos, diz o presidente Sidney Fernandes Gutierrez. “Houve fomento à representação, ao agenciamento e à intermediação de negócios. Acreditamos em aumento do número de registrados no Core-SP em 2022.”
A autarquia, que presta serviços públicos de registro, fiscalização e orientação da atividade de representação comercial no Estado, fará cinco eventos neste semestre, chamados Conexão Seccionais. “Levaremos conteúdo, debate e esclarecimentos à categoria”, conta Sidney.
“Acreditamos em aumento do número de registrados no Core-SP em 2022.”
Para o presidente, os profissionais da representação comercial necessitam de maior atenção dos órgãos governamentais, especialmente no campo tributário. “Precisam de regimes simplificados, como melhor enquadramento no Simples Nacional e menores alíquotas de ISS.”
INDÚSTRIA FOX
Apesar de ser um ano de eleição e Copa do Mundo, eventos que impactam os negócios, a expectativa é de crescimento superior a 20%, destaca o CEO Marcelo Souza. “Em 2022, vamos abrir o centro de remanufatura e expandir as unidades de reciclagem para o Nordeste.”
Duas unidades da empresa têm maior potencial em 2022, diz o CEO. “A recicladora de eletrônicos, em função da exigência de atendimentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), e a remanufatura de produtos pós-indústria e pós-varejo.”
“Vamos abrir o centro de remanufatura e expandir as unidades de reciclagem para o Nordeste”
O setor da reciclagem é relativamente novo quando se fala do processo industrial, conta Marcelo. “Naturalmente, carece de política de incentivo, que seria um fator de grande alavancagem.”
INFRACOMMERCE
Consolidou-se como o maior ecossistema digital independente para e-commerce da América Latina, viabilizando operações a grandes empresas, diz Kai Schoppen. “No último trimestre de 2021, tivemos aumento de 70% ante o mesmo período de 2020 e receita de R$ 105 milhões. Em 2022, a meta é ter R$ 950 milhões de receita líquida.”
Em janeiro, lançou um ecossistema modular, que oferece escala, eficiência e inovação. “São soluções omnichannel, meios de pagamento, marketing digital, inteligência de dados e logística, com 13 CDs e 18 dark stores”, conta o CEO.
“Em 2022, nossa meta é ter R$ 950 milhões de receita líquida.”
Para frear a instabilidade derivada da inflação, a indústria tem estratégias como a digitalização e o direct to consumer (D2C). “Esse modelo pode contribuir para a desintermediação de grande parte dos processos da cadeia com aumento de eficiência”, diz Kai.
PONTONET
Em 2021, teve boa recuperação com as vendas no varejo, conta o CEO José Adelmo Soares Mello. “Em 2022, esperamos crescer 20% ante 2021 com novos clientes e projetos de prestação de serviços de reparos de produtos fora e dentro da garantia, e devoluções no varejo e e-commerce.”
Para gerir o pós-vendas, abriu novas plataformas omnichannel. “Queremos atingir 100% de atendimento digital e simplificar ao máximo a jornada do cliente e melhorar a eficiência da gestão para agregar valor e diminuir custos”, diz José Adelmo.
“Em 2022, esperamos crescer 20% ante 2021.”
Uma diminuição drástica de gastos públicos traria confiança, fluxo de capital e melhores expectativas, diz o CEO. “Juros mais baixos ativam a economia. É preciso perspicácia para inovar enquanto a perspectiva de crescimento é tímida.”
YES CERTIFICAÇÕES
Por se tratar de um ano eleitoral e pela pandemia, a empresa vê o cenário de 2022 com cautela, mas continua otimista, diz o presidente Geancarlo Callebe. “Dentro do nosso planejamento, projetamos crescimento de 23% em relação a 2021.”
O setor regulatório (certificação de produtos Inmetro e Anatel) está se moldando para que os importadores não sejam prejudicados neste momento. “Nosso time está constantemente se adaptando para atender às necessidades dos clientes e parceiros”, conta Geancarlo.
“Projetamos crescimento de 23% em relação a 2021.”
Neste ano, o foco é em tecnologia e automatização de processos, diz o presidente. “Estamos firmando novas parcerias e abrindo frentes de negócios. A Eletrolar Show será uma grande oportunidade para concretizar nosso planejamento.”
Fonte: Revista Eletrolar News – Edição Especial Presidentes #147