Grupo Mateus quer construir CD no Ceará, abrir 59 lojas e gerar 13 mil empregos em cinco anos
O grupo maranhense Mateus, que já iniciou o processo para inaugurar sua primeira loja em Sobral, vê o Ceará como um Estado estratégico. Prova disso é o ousado projeto de investimentos que varejista elaborou para ganhar musculatura em solo cearense nos próximos cinco anos.
Para que o negócio saia do papel, a empresa planeja construir um centro de distribuição capaz de operar o abastecimento das lojas próprias e venda em atacado, assim como o próprio abastecimento do varejo local. A companhia maranhense pensa não somente nos municípios do Interior, mas também pretende ter força em Fortaleza, a Capital que detém cerca de 40% do PIB do Estado.
“O Grupo São Mateus possui um plano de investimento para os próximos cinco anos no Ceará, prevendo a geração de, pelo menos, 12.946 empregos diretos, distribuídos em 59 unidades de negócios espalhados pela Capital e cidades do Interior, além da geração de milhares de empregos indiretos”, destaca um comunicado da varejista.
Trava do Governo do Estado
Mesmo com a capacidade de gerar empregos, renda e receita para o Ceará, um dispositivo estadual, na avaliação da empresa, está “travando” o negócio. Trata-se de uma determinação publicada em decreto de 2008 que versa sobre os centros de distribuição. Conforme a lei, o Estado autoriza a transferência de 50% do faturamento das empresas, no ano-calendário, para suas unidades filiais.
“O novo centro de distribuição a ser aberto se enquadraria em uma das atividades econômicas indicadas pelo decreto, podendo usufruir do benefício do Regime Especial de Tributação (RET)”, explica o grupo maranhense.
No entanto, alega que as operações de abastecimento próprio representam, em média, 80% do faturamento, enquanto o mercado local giraria em torno de 20%.
A empresa buscou, como alternativa, realizar um acordo se comprometendo a gerar os 12.946 empregos diretos, abrir o CD e as 59 unidades, tudo no prazo de cinco anos.
“As unidades de varejo a serem abertas podem ter uma porcentagem destacada para instalação em municípios com baixo IDH e/ou baixo PIB, juntamente com a finalidade de desenvolver determinadas regiões indicadas pelo Governo. Em contrapartida, o Grupo São Mateus receberia do Governo a liberação ou redução da trava”, argumenta, destacando que não se trata de um novo benefício fiscal. Tampouco a medida precisaria passar pela autorização do Confaz Nacional.
Para completar, a varejista cita o decreto nº 32.900/2019, que “simplesmente silenciou a respeito da trava dos 50% em relação a centro de distribuição”. A concessão, inclusive, beneficia atualmente o setor de móveis, utilidades domésticas e eletrodomésticos.
“O Grupo São Mateus está disposto a colaborar com qualquer requisito imposto pelo Estado do Ceará para que seja possível a liberação da referida trava, como também celebrar acordos formais se comprometendo na geração dos empregos”, pontua.
Procurada pelo Focus, a assessoria de imprensa da Sefaz informou que a secretária Fernanda Pacobahyba não comentaria o assunto.
Resistência da concorrência local
Outro motivo que barra a chegada do Grupo Mateus no Ceará seria a resistência de grupos varejistas locais. As empresas do segmento temem que a concorrência da maranhense avance pelo Ceará, conquistando áreas já consolidadas no Interior até chegar em Fortaleza abocanhando fatias do mercado que hoje pertencem a médios e grandes players.
Quem é o Grupo Mateus
O Grupo Mateus chegou à B3 quebrando recordes no fim de 2020. Atualmente conta 137 lojas em 53 cidades no Maranhão, Pará e Piauí. O grupo também faz entregas para Tocantins, Bahia e Ceará. Sobral, estrategicamente, é a porta de entrada para o Estado.
No segmento de atacado, atende mais de 19.415 pontos de venda. No ano de 2019, o faturamento do Grupo Mateus foi de R$ 9,9 bilhões e o lucro de R$ 365,7 milhões (margem líquida de 4,51%). De 2013 a 2019, as vendas líquidas tiveram aumento de R$ 6,4 bilhões.
Ilson Mateus, o proprietário
Antes de começar a trajetória de varejista há 34 anos, Ilson Mateus atuou por cerca de um ano como garimpeiro em Serra Pelada. Era o sonho de achar uma pepita que o permitisse alavancar sua verdadeira vocação. Segundo texto da revista Exame, depois de deixar o local sem encontrar ouro, começou outro negócio: a compra e venda de garrafas de vidro.
Foi assim que ele chegou a Balsas, no sul do Maranhão, onde percebeu que havia demanda de migrantes do Rio Grande do Sul – que chegaram à área para plantar soja – por produtos básicos.
Fonte: Focus
Foto: Divulgação Grupo Matheus