5G no Brasil: benefícios, dúvidas e desafios
O 5G é a próxima geração de rede de internet móvel, com mais velocidade, conteúdo, interação em tempo real e novas interfaces. Seus padrões admitirão avanços e transformações em saúde, educação, segurança pública, indústrias, mineração, logística, lazer, cidades inteligentes e agronegócio. A nova geração de tecnologia permitirá a progressão do Brasil rumo a uma economia hiperconectada.
por Dilnara Titara
A nova geração 5G é a evolução das anteriores, 3G e 4G, e oferecerá maior velocidade para downloads e uploads, maior cobertura e conexões mais estáveis. Será permitido o uso de diversos aparelhos e equipamentos conectados ao mesmo tempo, sem a perda de qualidade do sinal. A principal diferença da nova geração para o 4G é a velocidade da transferência de informações, chamada de latência.
A tecnologia 5G é a infraestrutura de suporte à internet das coisas (IoT), que vai impactar o funcionamento dos setores econômicos e sociais, diz Fábio Faria, ministro das Comunicações. “Com essa tecnologia, o Brasil entrará no seleto grupo de países que possuem redes de quinta geração Standalone, ou seja, o 5G puro. O impacto para o país é enorme. Estimamos em US$ 1,2 trilhão no Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) em 15 anos.”
“O impacto para o País é enorme. Estimamos em US$ 1,2 trilhão no Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) em 15 anos.”
O conjunto variado de faixas de frequência internacionalmente identificadas para os serviços 5G, no Brasil, inclui uma mistura de bandas baixas (700 MHz), bandas médias (2,3 GHz e 3,5 GHz) e bandas altas acima de 6 GHz (incluindo ondas milimétricas de 26 GHz, conhecidas como mmWave), informa Cristiane Sanches, membro do conselho de administração da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (ABRINT).
“Essa gama de espectro traduz a realidade de o 5G possibilitar melhorias na rede em termos de capacidade e eficiência, uma nova oferta de aplicações e serviços que exigem muita velocidade e baixa latência, além de superar as tecnologias 3G e 4G em flexibilidade, escalabilidade e confiabilidade”, destaca Cristiane.
País preparado
O Brasil vem se preparando para a implementação da nova tecnologia. O “leilão do 5G” estabelece uma série de compromissos de investimentos em infraestrutura sob a forma de contrapartidas. “O arranjo obtido tem um viés não arrecadatório, ou seja, orientado a investimentos produtivos em regiões de baixa atratividade econômica, voltados à redução do ‘gap’ de conectividade do País”, ressalta Leonardo Euler de Morais, presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Uma das contrapartidas do edital do leilão do 5G foi a de garantir infraestrutura para localidades que não a têm, relata Fábio Faria. “Colocamos a obrigatoriedade de investimentos regionais e nacionais de cobertura e rede em áreas pouco ou não servidas, como estradas, com tecnologia 4G ou superior. Assim, todas as regiões terão cobertura de redes móveis.”
A tecnologia 5G é superior às anteriores devido à alta capacidade e eficiência, e menor chance de ser afetada por um congestionamento de rede. Diante disso, com a implementação gradativa das metas obrigatórias, a população que vive na periferia das grandes cidades será então beneficiada.
Há alguns desafios que precisam ser superados, como a regulamentação da Lei das Antenas, a disponibilidade de terminais e smartphones com preços mais acessíveis, diz Marco Di Costanzo, diretor de engenharia e implementação de rede da Tim Brasil. “Mais do que ser uma tecnologia disponível a todas as classes, o 5G permitirá incrementar a oferta de serviços de IoT. Ao habilitá-la, estamos dando um grande passo para ampliar projetos em setores essenciais da economia brasileira.”
A implementação
Atualmente, a nova geração de tecnologia já está ativa em algumas regiões das principais capitais do País, mas de forma incipiente. No dia 4 de novembro, o leilão do 5G foi realizado. “A partir dessa data, a implementação da tecnologia em algumas áreas será rápida. No Natal deste ano, já teremos 5G Standalone em São Paulo e, até julho de 2022, todas as capitais já estarão cobertas pelo 5G, enquanto os demais municípios receberão a tecnologia gradativamente até 2028”, afirma o ministro.
“O 5G permitirá maior rapidez e eficiência no âmbito do varejo, correspondendo às novas expectativas do consumidor ao lidar com a aquisição de bens e serviços.”
A implementação de infraestrutura de transporte de dados de capacidade (fibra) até a sede de mais de 600 municípios que não dispõem desse elemento de rede (backhaul) é fundamental para a conectividade digital. “Além disso, há metas específicas para a implantação da tecnologia 5G em todos os municípios brasileiros, a se iniciar pelas capitais”, complementa Leonardo.
Foram leiloadas quatro frequências de 5G: 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz. As companhias que venceram o leilão terão como metas obrigatórias de implementação gradativa a partir de 2022: fornecer acesso à tecnologia 4G ou superior para cerca de 9.500 distritos não sede (vilas, povoados e/ou aglomerados) desprovidos de cobertura móvel celular; e mais de 31 mil km de rodovias federais sem acesso móvel também serão dotadas de 4G ou superior.
Benefícios para a indústria e o varejo
“A nova geração de tecnologia permitirá a progressão do Brasil rumo à uma economia hiperconectada.”
A nova tecnologia trará mudanças profundas para aplicações industriais e comerciais, bem como inovação e automação, conta Leonardo. “Sua característica de controle de missão crítica permite, por meio da baixa latência e alta confiabilidade, aplicações sensíveis a atrasos e erros como em carros autônomos, cirurgias remotas e controle de maquinário industrial. Maior impacto se dará por ser uma tecnologia que torna realidade a internet das coisas massiva, na medida em que o 5G permite a comunicação simultânea de dispositivos IoT, com ampla cobertura e baixo consumo de bateria.”
Especificamente para empresas, as aplicações das ondas milimétricas do 5G revolucionarão o dia a dia da experiência em nuvem das tarefas e demandas de TI, diz Cristiane Sanches. “O 5G permitirá maior rapidez e eficiência no âmbito do varejo, correspondendo às novas expectativas do consumidor ao lidar com a aquisição de bens e serviços.”
“Estamos dando um grande passo para ampliar projetos em setores essenciais da economia brasileira.”
O 5G disponível é a alavanca que levará a aceleração e o avanço da digitalização no Brasil para a indústria 4.0, com equipamentos mais eficientes e precisos. Trará maior segurança contra invasões e vazamentos de informações, contribuindo para a automação e a integração de diferentes tecnologias, como inteligência artificial, robótica e realidade virtual.
Aparelhos compatíveis
Para o uso das novas redes 5G, serão necessários aparelhos que suportem a nova geração. Hoje, no varejo, as grandes empresas já estão lançando uma variedade de produtos compatíveis e a preços variados. O avanço da tecnologia terá impacto direto no consumo por novos aparelhos.
“Essa redução de custo da tecnologia, mais rápida do que vimos em gerações anteriores, vai ser um fator importante para reduzir a barreira de adoção do 5G no Brasil.”
“No Brasil, por ano, são vendidos aproximadamente 50 milhões de aparelhos celulares, representando uma receita importante não só para a indústria como para o varejo, com um faturamento anual de mais de R$ 70 bilhões. Sempre que há uma inovação tecnológica, uma nova geração sendo introduzida no mercado, vemos um aumento nessa demanda pela troca do smartphone”, destaca Tiago.
Para usar a nova rede, são necessários aparelhos que suportem o 5G. A diferença em relação às redes anteriores é que, apesar de ter sido lançado há apenas dois anos em mercados mais maduros como Estados Unidos e Coreia, essa já uma tecnologia global e, com o ciclo acelerado de inovação na indústria, os modelos de smartphone 5G já atingiram patamares de preços mais competitivos, diz Tiago Machado, diretor do Grupo Setorial de Telecomunicações da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). “Essa redução de custo da tecnologia, mais rápida do que vimos em gerações anteriores, vai ser um fator importante para reduzir a barreira de adoção do 5G no Brasil.”
Fonte: Eletrolar News #145